
Por Coisas da Política
WILSON CID - [email protected]
COISAS DA POLÍTICA
Um novo eleitor
Publicado em 07/10/2025 às 07:59
Alterado em 07/10/2025 às 08:00
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Os partidos e seus chefes acham que, mesmo faltando um ano para a sucessão do presidente Lula, já é tempo de aprofundar discussões em torno desse obscuro 2026. Não se pode dizer que estejam apressados, ainda mais quando se sente o campo político minado e movediço. E, exatamente por isso, vem a certeza de temporada de altas complexidades a absorvê-los. Outra coisa não se tem visto nos arraiais da esquerda, onde a interrogação é tentar esticar o tempo de Lula ou enfrentar a penumbra da falta de opção. E a direita mergulhada no desafio instigante: continuar apostando todas as fichas em Bolsonaro, manietado por uma pena de prisão doméstica, ou roçar novos rumos. Os direitistas têm forças para o embate, mas sentem dificuldade para conciliar o desejável e o possível nos resultados eleitorais.
Seja qual for o destino dos partidos e dos candidatos, o que se pretende, nestas breves linhas, é chamar atenção para outro aspecto na rota da sucessão, que cabe avaliar desde já. Não convém ignorar novos fatores capazes de exercer influência decisiva sobre o colégio eleitoral, que vai se formando com uma composição diferente das que tivemos em pleitos passados. Os eleitores de 2026 já não serão de maioria branca e masculina. O IBGE mandou dizer que mulheres, negros e pardos são em maior número, espalhados por todo o Brasil. Se quiserem, se conscientizados, se forem orientados para tanto, podem determinar o norte das urnas. Os partidos e os grupos que ensaiam entrar na luta têm de pensar nisso. Ou, se já pensam, guardam segredo.
( E os jovens? O que dizer, o que acenar para eles? Em determinadas circunstâncias, pode sensibilizar aos novos eleitores a idade de um candidato à Presidência da República. Os mais jovens que passaram pela História foram Nilo Peçanha e Fernando Collor, que chegaram ao poder quando tinham 40 anos. Getúlio tinha 47.)
Defesa sucateada
O que estava faltando - se é que algo faltasse – acabou ocorrendo com o testemunho pessoal do presidente da República. Na semana passada, viu-se forçado a trocar de aeronave das Forças Armadas em que viajava pela região Norte, quando o aparelho apresentou defeito técnico, com ameaça de incêndio. Ele próprio deu a explicação, com certo constrangimento, ainda que com humor. Foi um caso grave, mas, por segurança, preferiu ir à igreja da Senhora de Nazaré para agradecer a vida preservada.
Tirante o susto, diga-se que foi o testemunho de quem está mais que credenciado para confessar o estado crítico dos equipamentos de segurança colocados à disposição da população. Se um avião militar que transporta o presidente é inseguro, é de se imaginar a precariedade em que têm vivido quartéis, portos e hangares deste Brasil afora.
O episódio fez lembrar recente visita ao Congresso Nacional do ministro da Defesa, José Múcio, onde deixou um depoimento altamente preocupante, depois de confessar que, se temos tanques, caminhões e aviões, nada deles se pode esperar, porque falta combustível para colocá-los em operação. Espanta saber que o Congresso ouviu esse relato desanimador sem se deixar dominar pelo pânico, o que seria justo esperar que acontecesse de imediato. Nem seria para menos, porque a autoridade maior da Defesa acabava de denunciar que somos um país vulnerável. Deixou claro que não há como confiar às Forças Armadas a integridade territorial. Gravíssimo o flagelo exposto pelo ministro Múcio.
O que esperar mais para cuidar dessa crise com a devida prioridade? Aguardar outro susto presidencial?