Por Coisas da Política

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COISAS DA POLÍTICA

Dúvidas para 2026

Publicado em 02/09/2025 às 08:09

Alterado em 02/09/2025 às 15:48

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A impossibilidade de elaboração de melhores previsões sobre a sucessão presidencial, quando ainda temos um ano com tanta coisa a acontecer e não acontecer, seria o suficiente para desestimular as lideranças políticas a inciativas apressadas. Algumas agem como se a eleição já batesse às portas; além do fato de que pesquisas que hoje são feitas, e nas quais se inspiram os apressados, só refletem um eleitor não totalmente definido sobre o voto tão distante; e também porque ele mesmo, o votante, é o que mais se deixa influenciar por fatores e circunstâncias de última hora. E a política aprecia mudar coisas nas vésperas. Portanto, convém não ignorar que, antes de as urnas entrarem em cena, acumulam-se fatores imponderáveis e surpresas possíveis, como bem sabem os veteranos que atuam nesse campo de tamanha complexidade. Os mais sábios nunca antecipam todas as cartas no pano verde. Estranhável, por isso, que alguns partidos já queiram apear da base política do governo, sem saber exatamente aonde ir.

Um detalhe que talvez mereça ser considerado, antes de qualquer outro, quando a curiosidade é saber com quem o poder estará a partir de janeiro de 2027. Para a próxima eleição, esse detalhe está nos indícios, vários deles já salientes, de que serão numerosos os fatores capazes de influir no destino da Presidência da República. Em pleitos anteriores era possível alguma previsibilidade, por causa da consistência dos grandes partidos, o que não temos hoje.

A primeira dúvida, justificada, surge do destino do próprio presidente Lula, apontado como favorito em algumas capitais e cidades de grande porte. A dúvida é que ele condiciona sua entrada na peleja eleitoral às condições de saúde que terá no momento em que se torna o ancião octogenário. Mesmo que apregoe vigor suficiente, tem consciência de que o peso do tempo impõe regras e limites, como também prevalece o desgastado ânimo para se debater com problemas insolúveis. É natural. Pior é que, na hora de confrontar o desejo de continuar e a realidade do ônus, achando conveniente afastar-se, terá pela frente o desafio de escolher, patrocinar e garantir um candidato leal e factível eleitoralmente. Lula, como o bambuzal do agreste, não deixou quem crescesse ao redor, capaz de produzir sombras próprias no final da jornada, que vai chegando. Acresce o risco de, tentando o quarto mandato, não ter pela frente o espectro Bolsonaro, depois de nele passar investindo quatro anos de críticas e contrastes, elegendo-o como razão de todos os seus demônios.

Prever como andarão as coisas, e como estarão daqui a um ano e mês, também esbarra em dificuldades para medir o potencial que no momento decisivo terão os governadores, os principais deles muito bem avaliados. Assim permanecendo, alguns virão em condições de disputar. Se não disputar, influir decisivamente. Seria perigoso não olhar o patrimônio eleitoral de Tarcísio, Caiado, Ratinho Jr, Eduardo Leite, Romeu Zema e Raquel Lyra, todos com mais de 50% de aprovação. Semelhante quadro esteve ausente em disputas presidenciais anteriores. Mesmo todos com ambições miradas no mesmo alvo, uma ocasional afinidade entre eles, alguns ou todos, seria capaz de mudar o cenário das urnas.

Esse 2026 não vai chegar sem que antes se dissipem muitas dúvidas.

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