CIÊNCIA
Brasil protegerá 140 milhões da dengue com superfábrica de mosquitos
Por JB CIÊNCIA com Reuters
[email protected]
Publicado em 19/09/2025 às 10:14
Alterado em 19/09/2025 às 10:14
Mosquitos Aedes aegypti Agência Brasil
Por Sebastian Rocandio - A maior biofábrica do mundo para reprodução de mosquitos infectados com a bactéria Wolbachia, um método que os pesquisadores usam para combater a dengue, espera proteger cerca de 140 milhões de pessoas da doença no Brasil nos próximos anos, informa a empresa responsável pelo projeto.
A Wolbito do Brasil, apoiada e usada exclusivamente pelo Ministério da Saúde, foi inaugurada em Curitiba em 19 de julho. Uma joint venture entre o Programa Mundial do Mosquito, a Fundação Oswaldo Cruz e o Instituto de Biologia Molecular do Paraná, pode produzir 100 milhões de ovos de mosquitos por semana.
"A Wolbito do Brasil será capaz de proteger cerca de 7 milhões de pessoas no Brasil a cada seis meses", diz Luciano Moreira, presidente-executivo da empresa, em entrevista.
A dengue, coloquialmente conhecida como "febre quebra-ossos", pela dor debilitante que pode causar, é transmitida por mosquitos Aedes aegypti que infectam centenas de milhões de pessoas a cada ano, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Casos graves de dengue podem ser fatais, e 6.297 pessoas morreram da doença no Brasil no ano passado, o pior ano já registrado, segundo dados da OMS.
A bactéria Wolbachia impede que os mosquitos transmitam dengue e outras doenças como Zika ou Chikungunya. Assim, as autoridades de saúde pública liberam mosquitos criados em laboratório infectados com Wolbachia para se reproduzir com as populações locais de mosquitos e transmitir a bactéria que bloqueia a transmissão do vírus.
O método já protegeu mais de 5 milhões de pessoas em oito cidades brasileiras desde 2014, de acordo com o Ministério da Saúde do Brasil.
"A Wolbachia só vive dentro de células de insetos. Então, se um inseto morre, ele morre também", diz o gerente de produção da Wolbito do Brasil, Antonio Brandão, dizendo que considera um método seguro. "A Wolbachia está presente em mais de 60% dos insetos na natureza e ... Durante séculos, nunca tivemos nenhuma interação com humanos".
À medida que a Wolbito do Brasil aumenta, carros carregados de mosquitos infectados passam pelos focos de dengue e liberam os insetos com o apertar de um botão.
"A área escolhida dentro do município é baseada em casos de dengue, então os bairros com maior incidência de pessoas contraindo dengue são os prioritários", diz a coordenadora regional de operações da Wolbito do Brasil, Tamila Kleine.