CINEMA

Crítica - ‘Um completo desconhecido’: Dylan de origem

Cotação: quatro estrelas

Por TOM LEÃO

Publicado em 12/03/2025 às 18:05

Alterado em 12/03/2025 às 18:05

Timothé Chalamet entrega uma atuação impecável, como o jovem Bob Dylan, em 'Um completo desconhecido', que mostra os primeiros anos do bardo Foto: divulgação

Confesso que não levava muita fé de ver o Timothé Chalamet como Bob Dylan, em ‘Um completo desconhecido’ (‘A complete unknown’), de James Mangold, que já está em cartaz no Brasil. Mas, após assistir ao filme, ele me convenceu. Ainda mais por ter tocado e cantado suas partes, em vez de dublar.

O filme se passa num recorte de tempo (como a maioria das cinebios tem feito), entre 1961 e 1965, quando o completo desconhecido (frase tirada da música ‘Like a rolling stone’) Robert Zimmerman, 19 anos, chega em Nova York, só com sua viola, disposto a vencer na cena folk local, que florescia no East Village. Com dedicação e um pouco de sorte, Dylan, não apenas consegue um contrato com a gravadora CBS, com uma pequena ajuda da lenda do folk Pete Seeger (Edward Norton, excelente), como ainda se envolve romanticamente com duas beldades: Sylvie Russo (Elle Fanning), uma jovem moderninha -- é a moça que aparece com Bob na capa de seu segundo disco, 'The freewheelin´-; e Joan Baez (Monica Barbaro, linda), uma cantora folk em ascensão. E grava três discos fenomenais!

Assim, da noite para o dia, o esquisitão BD deixa de ser um completo desconhecido e passa a ser uma celebridade cult e garoto prodígio do folk. Até cair em desgraça com os fãs e artistas desta cena, ao se apresentar no Newport Folk Festival, em 1965, usando – heresia! -- uma guitarra elétrica (ele foi meio que influenciado por Johnny Cash, de quem virou amigo, no uso da viola eletrificada). Dylan foi, de fato, um gênio rebelde de seu tempo, que influenciou gerações (inclusive, aqui no Brasil, de Raul Seixas a Renato Russo). E o filme capta bem o zeitgeist dessa época. Por isso, mesmo que você não seja fã de folk e nem do artista, é um filme cativante em sua narrativa. Chalamet, enfim, me convenceu. 

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COTAÇÕES: ***** excelente / **** muito bom / *** bom / ** regular / * ruim / bola preta: péssimo.

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