CINEMA
Crítica - ‘Napoleão’: épico que soa algo incompleto
Por TOM LEÃO
nacovadoleao.blogspot.com.br
Publicado em 23/11/2023 às 19:26
Alterado em 23/11/2023 às 19:26

Um dos projetos que Stanley Kubrick deixou por fazer (e era um desejo que tinha, desde sempre) foi o de filmar um épico sobre Napoleão Bonaparte. Infelizmente, morreu sem realiza-lo. Mas deixou um vasto material de pesquisa pronto (que acabou usando, em parte, em ‘Barry Lyndon’ (1975), que se passa pouco antes das chamadas Guerras Napoleônicas). Seu grande amigo, Steven Spielberg, ainda tem planos de desenvolver o roteiro de Kubrick como minissérie para a HBO, plano este que vem sendo alimentado desde 2013, e que ainda está em desenvolvimento em 2023. Nesse meio tempo, Sir Ridley Scott teve acesso a partes do roteiro de Kubrick e realizou o seu ‘Napoleon’.
Jamais saberemos como seria o Napoleão de Kubrick (certamente, muito rico e detalhista). Mas o de Scott, que chega agora aos cinemas, embora ambicioso, deixa um pouco a desejar por conta de sua relativamente curta duração, ‘apenas’ 2h40. Mesmo um filme de três horas não daria conta de mostrar tudo, muitas décadas de história. Por isso, Scott revelou que uma versão com 4 horas de duração (!) será lançada no serviço de streaming AppleTV+, que financiou a produção.
Enquanto isso, o espectador pode fruir do caprichado filme (rodado para a tela gigante do iMax), que navega entre o grande amor que Napoleão (Joaquin Phoenix, que já trabalhou com Scott em ‘Gladiador’, 2000) teve por Josefina (Vanessa Kirby), que foi sua amante e, depois, esposa/imperatriz; e suas batalhas, nas quais ele demonstrava enorme habilidade de estrategista, quase sempre saindo-se vencedor. Para os críticos que reclamaram da falta de acuidade histórica em certas passagens, o diretor mandou um grande ‘F’, dizendo que não é um documentário.
Seja como for, realmente faz falta um pouco mais de tempo para desenvolver certas partes da história/roteiro, que ficam pelo caminho. Até mesmo uma atriz creditada no cast, a francesa Ludivine Sagnier (da série ‘Lupin’), nem é vista nesta versão. Joaquin Phoenix não está mal como Napoleão. Apenas é um tanto acima da idade de Bonaparte jovem e, por vezes, deixa escapar alguns de seus maneirismos típicos, que já vimos em outros filmes. Contudo, é um belo espetáculo (que usou bastante efeitos especiais) para se apreciar numa sala de cinema. Ou esperar pela versão integral e ver o que faltou.
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