CINEMA

Visionário musical afro-futurista é mostrado no NYFF

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Por MYRNA SILVEIRA BRANDÃO
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Publicado em 04/10/2021 às 10:18

Alterado em 04/10/2021 às 10:18

Cena do filme 'Neptune Frost' Foto: Saul Williams e Anisia Useyman/divulgação

Após a première mundial em Cannes, na Semana dos Realizadores, e a seleção para o Festival de Toronto, o esperado musical afro-futurista de ficção científica “Neptune Frost” teve seu lançamento nos EUA nesse final de semana, na 59ª edição do Festival de Nova York.

Dirigido pelo artista multidisciplinar Saul Williams e pela atriz e diretora Anisia Uzeyman, o
filme segue Matalusa (Bertrand Ninteretse) e Neptune (Cheryl Isheja e Elvis Ngabo ), dois desajustados que se encontram em Ruanda através da tecnologia e dos sonhos.

Matalusa é um mineiro de coltan (metal conhecido como ouro azul), e Neptune é um hacker intersex (LGBTI+), que leva Matalusa para um mundo de possibilidades. Juntos eles experimentam o poder que os libertará de suas vidas insatisfatórias, transformando a maneira como veem o mundo.

Um grupo diversificado de jovens hackers negros – que busca escapar, por meio do uso da tecnologia, do genocídio e da armadilha das minas em Ruanda – se junta a eles. À medida que o grupo cresce, o filme se torna uma celebração com cantos, danças e festas.

Cada cena tem sua própria paleta de cores, separando o mundo real do espaço de sonhos que o filme explora, utilizando o que é possível no cinema visual e sonoro, de forma a atingir todos os sentidos dos espectadores.

Impregnado de uma aura surrealista, “Neptune Frost” é um filme comovente e fascinante e, ao mesmo tempo, inovador e intimidante na luta contra o racismo.

NYFF traz o melhor do Cinema

O New York Film Festival é um evento que mostra o que de melhor aconteceu no cinema no ano. É estrategicamente agendado para outubro quando já foram realizados os principais festivais da área cinematográfica: Sundance, Berlim, Tribeca, Cannes, Veneza e Toronto.

O Festival, que nesta edição é presencial e está exibindo 65 títulos de ficção e 29 documentários, teve início em 24 de setembro, com “The Tragedy of Macbeth”, de Joel Coen, adaptação da peça clássica de William Shakespeare, com Frances McDormand e Denzel Washington. A tradicional peça central, que destaca um título do evento, é “The Power of the Dog”, da neozelandesa Jane Campion, Leão de Prata de melhor diretora em Veneza.

Dennis Lim, diretor de programação do NYFF, diz que vê o evento como um festival local.
“É uma importante plataforma de lançamento para a crítica e o mercado norte-americano. Uma vez que não somos um festival de estreias, está tudo bem em mostrarmos filmes que foram lançados em outros eventos”, ressalta.

Outros sucessos que serão mostrados nesta edição incluem “Titane”, de Julia Ducournau (Palma de Ouro em Cannes); “Passing”, de Rebecca Hall (indicado ao Grande Prêmio do Júri em Sundance); Flee, de Jonas Poher Rasmussen (Grande Prêmio do Júri em Sundance); “Ahed’s Knee”, de Nadav Lapid, e “Memoria”, de Apichatpong Weerasethakul, que dividiram o Prêmio do Júri em Cannes.

O encerramento será em 10 de outubro, com “Madres Paralelas”, de Pedro Almodóvar, que concorreu ao Leão de Ouro em Veneza e deu o prêmio de melhor atriz para Penélope Cruz, protagonista do filme.

 

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