CINEMA

San Sebastián divulga os premiados de 2021

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Por MYRNA SILVEIRA BRANDÃO
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Publicado em 26/09/2021 às 13:16

Alterado em 26/09/2021 às 13:19

Iona Chitu interpreta Irina, em Blue Moon, filme dirigido por Alina Grigore que levou a Concha de Ouro Foto: divulgação

O Festival Internacional de Cinema de San Sebastián entregou nesse sábado (25), os prêmios de sua 69ª edição. Sediado na acolhedora cidade basca de mesmo nome, no norte da Espanha, o SSIFF foi realizado presencialmente com severas restrições sanitárias e sem público no tradicional tapete vermelho.

Após a abertura da cerimônia de gala da premiação, os contemplados foram chamados ao palco para entrega dos prêmios.

A Concha de Ouro para melhor filme foi para o romeno “Blue Moon”, de Alina Grigore. O filme é sobre a fuga de uma jovem de sua família disfuncional. A diretora romena, que estreia em longas, agradeceu a todo o elenco e disse que estava muito surpresa por ter conquistado o maior prêmio do festival: “Agradeço ao júri e aos organizadores, principalmente por celebrarem a criatividade feminina. Agradeço também a todos os homens e mulheres que trabalham incessantemente para que consigamos levar nossas mensagens o mais longe que podemos”, ressaltou.

“Earwig”, um drama ambientado na Europa em meados do século 20, da francesa Lucile Hadzihalilovic, ganhou o Prêmio Especial do Júri.

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Alina Grigore, diretora de Blue Moon - vencedor da Concha de Ouro (Foto: Foto por Alex Abril)

A Concha de Prata para melhor direção foi para Tea Lindenburg, de “As in Heaven”: “Demonstro toda minha gratidão por poder contar a história que queria contar e também ao meu elenco por concretizar a minha visão”, declarou Tea.

A Concha de Prata de melhor protagonista foi dividida entre Flora Ofelia, no filme “As in Heaven” (Dinamarca), passado em uma fazenda no final dos anos 1800, quando um fato muda a vida de uma adolescente para sempre, e Jessica Chastain, no filme “The Eyes of Tammy Faye” (EUA), que traz um olhar intimista sobre a ascensão extraordinária, queda e redenção da televangelista Tammy Faye Bakker.

Ao receber o prêmio, Flora não conseguiu conter as lágrimas. Jessica, por sua vez, se congratulou com a figura real de Tammy Faye, complementando: “Ela é um símbolo de luta em vários sentidos”.

A Concha de Prata para melhor coadjuvante foi conquistada coletivamente pelo elenco de “Who’s Stopping Us”, de Jonás Trueba.

O Prêmio do Júri para melhor fotografia foi para Claire Mathon, no filme “Undercover” (França).

O Prêmio do Júri de melhor roteiro ficou com o britânico Terence Davies, por seu filme “Benediction” (Reino Unido).

Na mostra Horizontes Latinos, o filme vencedor foi “Prayers for the Stolen”, de Tatiana Huezo – coprodução do México/ Alemanha / Brasil / Qatar.

O diretor argentino Gaspar Noé recebeu o Prêmio Zabaltegi-Tabakalera por seu filme “Vortex”.


69ª edição com brilho e esperança de continuidade

Criada em 1954 e considerada mostra de cinema de idioma espanhol mais importante do mundo, o Festival Internacional de Cinema de San Sebastián exibiu cerca de 170 filmes em suas principais mostras.

Numa programação que primou pela qualidade, diretores consagrados exibiram seus novos filmes, como o francês Laurent Cantet (“Arthur Rambo”, história real com o excelente desempenho de Rabah Nait Oufella vivendo o protagonista); e “Maixabel”, de Iciar Bollaín, com Blanca Portillo no papel da viúva de um político assassinado pelo ETA. A verdadeira Maixabel esteve presente na sessão em San Sebastián sábado passado (18).

Como acontece em todas as edições, o SSIFF também abrigou o “Gran Prix for the Best Film of the Year”, criado pela Fipresci (Federação Internacional da Imprensa Cinematográfica). O vencedor desta edição, eleito numa votação de 593 críticos de todo o mundo, foi o premiadíssimo – inclusive com o Oscar – “Nomadland”, de Chloé Zhao.

Brasileiros

Mesmo não tendo sido selecionado para a competitiva oficial, o Brasil teve significativa presença, a começar pela seleção, na Horizontes Latinos, de “Madalena”, de Madiano Marcheti. O thriller, produzido pela Raccord e Pólo filme, e ambientado em Mato Grosso do Sul, se destaca pela inovadora e arriscada narrativa de iniciar a trama com a morte da protagonista.

“Madalena” – que já tinha tido uma excelente receptividade em Roterdã – recebeu calorosos aplausos em todas as sessões, muitos elogios da crítica especializada, e prenuncia uma promissora carreira em longas para o diretor mato-grossense, que já participou de vários festivais internacionais com seus curtas “Travessias” e “Vácuo”.

Outras coproduções brasileiras estiveram no SSIFF: Pornomelancolia”, de Manuel Abramovich, e “Chin-Gone”, de Johnny Ma. E, de forma mais direta entre os principais produtores, o Brasil compareceu também com o uruguaio “El Empleado Y El Patrón”, de Manuel Nieto Zase, e o mexicano “Prayers for the Stolen”, de Tatiana Huezo, que levou o Prêmio da Horizontes Latinos.

A delegação brasileira marcou presença ainda no Projeto Paradiso – que visa a estimular a internacionalização da produção cinematográfica nacional – e apoiou a participação de uma delegação de cinco produtores na área de indústria de San Sebastián, objetivando a criação de oportunidades de negócio com o mercado internacional.

A delegação foi formada por Bruno Greco, da Ponta de Anzol Filmes; Mariana Ferraz, da Matizar; Memis Müller, do Frapa; Priscila Portella, da Filmes da Garoa; e Alain Deberton, da Deberton Filmes.

Em declaração ao JORNAL DO BRASIL, o cineasta Deberton expressou sua satisfação por estar na delegação: “Embora não esteja participando com filme na seleção oficial, é muito importante fazer parte da equipe Paradiso, no Evento de Indústria do festival, prospectando parcerias e interessados para próximos projetos”, declarou Deberton, diretor do sucesso internacional “Pacarrete”, filme que ele realizou em 2019 com Marcelia Cartaxo como protagonista.

Com esperança de dias melhores e continuidade do sucesso que vem tendo ao longo de todos esses anos, o SSIFF confirma sua comemorativa 70ª edição em 2022.

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