CINEMA

Berlinale dá partida a sua 71ª edição

Embora não esteja na competitiva oficial, o Brasil marca presença em outras mostras

Por MYRNA SILVEIRA BRANDÃO
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Publicado em 02/03/2021 às 12:15

Alterado em 02/03/2021 às 12:16

Festival Berlinale em fevereiro de 2020 Foto: Britta Pedersen/dpa via AP

O Festival de Berlim/2021 será um evento incomum: sem tapete vermelho, sem celebridades, sem aglomerações e realizado em duas fases: um evento digital para o setor da indústria e imprensa credenciada, que começou nessa segunda feira (1º) e vai até o dia 5 de março; e em junho um evento para o público nos cinemas de Berlim e ao ar livre.

Nesta primeira fase, os filmes serão exibidos via streaming, e um júri de seis pessoas divulgará os premiados com os Ursos.

As inscrições deste ano chegaram a 6.318 filmes, mas foram selecionados apenas 166 títulos. Normalmente são 400.

A mostra competitiva oficial conta com 15 filmes. Com exceção de 1 japonês, 1coreano, 1 iraniano e 1 mexicano, a maioria dos títulos é europeia. Títulos americanos e brasileiros não foram selecionados.

Entre os destaques estão “Introduction”, do sul-coreano Hong Sangsoo; “Bad Luck Banging or Loony Porn”, do romeno Radu Jude; “A Cop Movie”, do mexicano Alonso Ruizpalacios; “Petite Maman”, da francesa Céline Schiamma; e “Memory Box”, dos libaneses Joana Hadjithomas e Khalil Joreige, um dos primeiros a ser exibido.

Estrelado por Rim Turkhi, Manal Issa e Paloma Vauthier, a história de “Memory Box” segue Maia, que mora em Montreal com sua filha adolescente Alex. Na véspera de Natal, ela recebe uma caixa com os diários, fitas e fotos que havia confiado à melhor amiga ao deixar o Líbano.

Ela se recusa a abrir a caixa, mas Alex não consegue resistir à tentação de, secretamente ver a caixa das memórias de sua mãe e descobrir uma adolescência conturbada passada na guerra de Beirute.

“Memory Box” é o trabalho mais arrojado até hoje dos dois diretores. Há anos eles questionam o papel da memória na criação de imagens e na escrita da história contemporânea. A dupla sempre mostrou interesse pelos processos emocionais associados ao trauma da guerra, mas desta vez decidiu se colocar na linha de frente. Os próprios diários e fitas de Joana, de 1982 a 1988, e as fotos de Khalil durante a guerra, formam o arquivo em torno do qual constroem a história de Maia e Alex.
Brasileiros

Como já noticiado, embora não esteja na competitiva oficial, o Brasil marca presença em outras mostras: na Panorama, com o documentário “A Última Floresta”, de Luiz Bolognesi; na Fórum Expanded, com “Se Hace Camino al Andar”, de Paula Gaitán; e na Berlinale Series, com “Os Últimos Dias de Gilda”, de Gustavo Pizzi. Participa ainda como coprodutor em “Esquí”, do argentino Manque La Banca, que integra a Fórum.