CAIO BUCKER

Cala a boca já morreu

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Por CAIO BUCKER

Publicado em 07/04/2022 às 10:39

Alterado em 07/04/2022 às 10:39

Caio Bucker JB

Voltei! Voltei de uma breve férias para refrescar a mente e o teclado do computador, depois de um ano inteiro escrevendo semanalmente. Amo estar aqui e compartilhar com vocês, e como bom exigente quase perfeccionista que sou, tirei esse tempo para reorganizar as ideias e colocar outras no lugar. Alguns leitores comentaram nas redes dizendo que eu ainda estava imerso no primeiro round do carnaval. Quem me dera. Aliás, teve carnaval, né? E teve muito. Estou até hoje cuspindo glitter. Eventos, festinhas, shows, blocos que não davam nome com medo da multa, tudo isso somado a batuques, danças, cantos, cerveja quente caindo no tênis, muita disposição e a saudade da festa da carne. E logo mais tem tudo de novo. Mas não me ausentei por esse motivo, não. Nesse período continuei os trabalhos, com dois espetáculos em cartaz, novos projetos, restaurantes bombando e a esperança de que tudo começa a dar sinais de melhoras. A pandemia dá um leve respiro com o avanço da vacinação, e hoje em dia o uso de máscaras é realmente um mistério. Aí parei pra pensar qual seria o tema desta coluna.

 

Macaque in the trees
Pabllo Vittar no Lollapalooza, em São Paulo (Foto: reprodução/Twitter)


Bolsonaro, dessa vez eu vou falar de você de forma bem clara e direta. Sei que não vai me ler, e isso também pouco me importa. Sei também que poderia falar de coisas boas, e não voltar pesando a energia. Mas hoje se torna mais que necessário. É um misto de desabafo com um apelo pelo momento que vivemos. Poderia falar de forma mais lúdica, como de costume? Poderia. Até porque eu sempre me posicionei contra este governo do meu jeito. Não por censura, porque censura nunca mais. Já escrevi nas entrelinhas sobre “o governo facista, preconceituoso e corrupto”, ou seja… Mas estes crápulas continuam achando que está tudo certo. Que pena. Semana passada, o pior presidente da história do Brasil tentou censurar o festival Lollapalooza, porque Pabllo Vittar levantou uma bandeira do Lula e gritou #ForaBolsonaro. Seu mais novo partido, de quinta categoria, obviamente, resolveu abrir uma ação no TSE alegando que a artista havia feito propaganda eleitoral indevida. Liberdade de expressão é campanha? E fazer o que ele faz, não é? A parte divertida dessa história é a incompetência desse povo. Mas é tanta incompetência que identificaram e notificaram a empresa “Lollapalooza” errada, e com isso, a ação não foi válida. Percebendo mais uma burrice e a resistência dos artistas que não irão se calar jamais, eles desistiram. Aliás, muito obrigado aos artistas que se posicionaram naquele palco. Pabllo, Lulu Santos, Anitta, Emicida, Marina Sena, Jão, Fresno e tantos mais.

Eis que estava agora a pouco a caminho de casa, zapeando o instagram no carro, e vejo que nosso inominável presidente, na calada da noite, acaba de vetar a Lei Paulo Gustavo, que repassaria 3,8 bilhões para ações emergenciais no setor cultural do país. Depois de toda a mobilização e até da aceitação dos políticos, é claro que ele iria dar o ar da graça. Justificou dizendo que a lei "enfraqueceria as regras de controle, eficiência, gestão e transparência”, o que poderia furar o teto de gastos. Logo seu governo, “que não tem corrupção”, mas que tem corrupção em todos os ministérios, em todos os gabinetes, com todos os envolvidos. Mas #EleNão é corrupto. Seus filhos estão envolvidos em escândalos gravíssimos, mas #EleNão é corrupto. Sem força para respirar, #EleNão ainda quer dar golpe. Coitado. Gostaria de lembrar que golpe é quando uma minoria tenta impor suas ideias para uma maioria, pela força e indo contra a democracia. Todos sabem que ele flerta com a ditadura, e ditadura nunca mais também. Desde sempre, nunca governou para o povo. Aliás, nunca governou. Se movimenta
para interesses pessoais: andar de jetski e comer camarão é mais importante que a fome, a saúde pública, a educação…e essa lista é grande.

Eu cheguei a escrever ações que só demonstram o buraco que estamos. Mas dessa vez vou recuar, não vou escrever o óbvio. Basta estar vivo no Brasil que tudo está bem claro. E perigoso. Ontem numa reunião sobre projetos culturais, o tema que rondou foi o perigo dele ser reeleito. A tristeza que é este desmonte da Cultura, da Educação e de tanta coisa essencial para a formação e qualificação de crianças, jovens e adultos. Algo que deveria ser direito de toda a população. As condições que levaram Bolsonaro a ser eleito em 2018 ainda existem, em parte, no Brasil. E não podemos achar que estamos a salvo. Uma pesquisa recente mostrou que só 40% dos brasileiros o consideram o pior presidente da história do país. E o mais chocante: 22% acham que ele é o melhor. Onde essas pessoas vivem? O que comem?
Aliás, elas comem? Ler, estudar e pensar, jamais né? Eu tenho muita coisa para falar aqui ainda, mas hoje só farei um apelo, principalmente para os jovens: tirem o título de eleitor. Tenham consciência política, procurem saber sobre essa névoa que sobrevoa nossas vidas, caso ainda não tenham percebido. Como disse Elisa Lucinda: “Prove que você não é mais criança: tire seu título de eleitor, e vote na esperança”. Votar em Lula, mais do que uma ideologia, agora é uma necessidade para derrotar esse mal. Eu acredito nisso, e estou aqui declarando meu voto no número 13, com todas as forças possíveis e impossíveis. E peço que vocês pensem nisso com carinho. Conversem, debatam, estudem. Mas sem fake news, sem falar em comunismo e mamadeiras eróticas, tá ok? Se quiserem debater, estou aqui, porque
eu vou falar. Eu sempre vou falar. E ninguém irá nos calar.

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