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Morre um dos ícones de uma geração do humor: Jaguar
Por CADERNO B com Revista Fórum
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Publicado em 24/08/2025 às 15:41
Alterado em 24/08/2025 às 18:20

Por Marcelo Hailer - O cartunista Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, conhecido como Jaguar, morreu neste domingo (24) aos 93 anos. Ele estava internado no Hospital Copa D’Or, onde recebia tratamento para pneumonia. A informação foi confirmada por familiares.
Trajetória
Jaguar, pseudônimo de Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe (Rio de Janeiro, 29 de fevereiro de 1932 – 24 de agosto de 2025), foi um dos cartunistas mais influentes do Brasil. Tornou-se conhecido nacionalmente como um dos fundadores do jornal satírico alternativo O Pasquim, em 1969, publicação que marcou a imprensa brasileira durante a ditadura militar.
Sérgio Jaguaribe iniciou sua carreira em 1952 na revista Manchete, quando, por influência do cartunista Borjalo, passou a assinar apenas como Jaguar. Na mesma época, trabalhava no Banco do Brasil sob a supervisão de Sérgio Porto, que o incentivou a manter o emprego enquanto desenvolvia sua carreira no humorismo.
Na década de 1960, consolidou-se como um dos principais cartunistas da revista Senhor, colaborando também com a Revista Civilização Brasileira, a Revista da Semana, o semanário Pif-Paf e os jornais Última Hora e Tribuna da Imprensa. Em 1968, lançou sua primeira coleção de charges, Átila, você é bárbaro. No ano seguinte, fundou O Pasquim ao lado de Tarso de Castro e Sérgio Cabral, sendo o único a permanecer na publicação até o encerramento, em 1991, quando passou a editar o jornal A Notícia.
Ao longo de sua carreira, Jaguar realizou trabalhos marcantes que atravessaram gerações. Em 2013, produziu uma charge reunindo personagens da Turma da Mônica e da Sig para celebrar, respectivamente, os cinquenta e os quarenta e nove anos das duas criações. Além disso, manteve-se como um crítico atento da política e da sociedade brasileira, com sua obra reconhecida por ironia, acidez e relevância cultural.
Durante o período da ditadura militar, Jaguar foi preso por três meses em 1970, sendo libertado no réveillon daquele ano. Em 5 de abril de 2008, ele e outros vinte jornalistas perseguidos durante o regime tiveram seus processos de anistia aprovados pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, reconhecendo formalmente as perseguições sofridas.
Em 2016, após 30 anos de atuação, foi demitido do jornal O Dia, encerrando um ciclo duradouro na imprensa carioca. Até seus últimos anos, Jaguar continuou ativo na produção de charges e no comentário crítico da sociedade, deixando um legado indelével para a história do jornalismo e da caricatura no Brasil.