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Sambista perfeito: Arlindo é celebrado com festa no Império Serrano
Por CADERNO B
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Publicado em 10/08/2025 às 06:09
Alterado em 10/08/2025 às 11:06

Por Douglas Corrêa - A despedida de um dos maiores sambistas brasileiros levou centenas de pessoas à quadra da escola de samba Império Serrano na noite deste sábado (9). Familiares, amigos e fãs seguiram a madrugada em festa e homenagens para cantor e compositor Arlindo Cruz.
Os portões da escola foram abertos às 18h. No início do velório, ao som de atabaques, foi realizada uma cerimônia para os orixás, conduzida pelo terreiro Ilê Osè Yobá, na antiga Rio-São Paulo, em Nova Iguaçu, frequentado pelo artista, filho de Xangô.
Em seguida, começou uma roda de samba com os sucessos de Arlindo Cruz e a distribuição de chopp na quadra. A celebração ocorreu como um tradicional gurufim, ritual de origem africana e que se manifesta em velórios festivos, marcados pela música, dança, comida e bebida.
Arlindinho Neto, filho de Arlindo Cruz, cantou a música O show tem que continuar, sucesso do grupo Fundo de Quintal, composição do pai, com Sombrinha e Luiz Carlos da Vila, todos integrantes à época do Grupo Fundo de Quintal.
O ensinamento que ele me deu é de luta, perseverança e de ser um sambista vencedor. É isso que eu vou fazer: seguir lutando e honrando o nome dele, disse Arlindinho.
O coreógrafo e passista Carlinhos de Jesus, que vem atravessando um problema de saúde, mas mesmo em cadeira de rodas fez questão de homenagear o amigo.
Perdi um amigo e um irmão. Vai a matéria, mas a obra dele, a história dele, a lembrança dele vai ficar conosco. Ligou o rádio, vai ter uma música dele. O Arlindo está comigo desde antes do Cacique de Ramos. Hoje ele se torna o maior poeta do samba. Uma personalidade incrível que retratou a história de cada um de nós, que amamos, que tivemos dor de cotovelo, que fomos felizes no amor, que fomos tristes ali. Fala de um lugar que é Madureira, não propriamente de morada, mas retrata o espaço e, a gente tem a presença dele nas músicas e na poesia.
O cantor e compositor Marquinhos de Oswaldo Cruz disse que Arlindo é um gênio e conseguiu fazer esse samba tradicional e que a massa inteira que curtia um outro tipo de música pudesse curtir o Arlindo. O coração mais generoso da música brasileira era o Arlindo. Parceiro, amigo e uma das pessoas mais generosas que eu conheci na face da Terra.