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Autora de Tornar-se Palestina vê gravidade sem precedentes em Gaza
Por CADERNO B
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Publicado em 24/06/2025 às 13:04
Alterado em 24/06/2025 às 13:06

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Por Camila Boehm - Descendente de palestinos, a escritora chilena Lina Meruane lançou, no mês passado, a edição ampliada de Tornar-se Palestina, com apresentação de Milton Hatoum e o acréscimo de uma terceira parte, chamada Rostos em meu rosto. Um dos destaques da Feira do Livro de São Paulo, que encerrou no domingo (22) sua quarta edição, a autora vê uma situação de gravidade sem precedentes na Faixa de Gaza e avalia que eventos literários são um convite ao debate aprofundado.
Publicada pela Relicário Edições, a obra vendeu mais de 15 mil cópias no Brasil em sua primeira edição e narra a busca da escritora por suas raízes palestinas, bem como a relação com o exílio e a herança familiar.
Em entrevista à Agência Brasil, a autora ressalta a relevância do diálogo entre autores e o público, durante eventos literários, sobre temas como a situação de Gaza. Trabalhando em uma nova obra sobre o genocício na Palestina, prevista para o final deste ano, ela avalia que, embora o cenário no enclave pareça impossível de se transformar, é importante permanecer atento e continuar falando sobre a questão.
"Essa é uma função muito importante das feiras e festivais de livros: abrir um campo de ideias, despertar interesse no público, adicionar nuances às informações que aparecem na imprensa ? que são frequentemente manipuladas ? e convidá-los a ler livros em que os escritores possam se aprofundar nos detalhes de cada uma dessas questões complexas", disse.
A Faixa de Gaza é um território palestino que tem sido alvo de intensos bombardeios e ataques por terra do Exército de Israel desde um atentado do grupo islâmico Hamas a vilas ao sul de Israel, em outubro de 2023, que deixou cerca de 1,2 mil mortos e fez 220 reféns. O Hamas, que governa Gaza, sustenta que o ataque foi uma resposta ao cerco de mais de 17 anos imposto ao enclave e também à ocupação dos territórios palestinos por Israel.
Os ataques israelenses contra a Faixa de Gaza, desde então, já fizeram mais de 55 mil vítimas e deixaram mais de 100 mil feridos, além de destruírem hospitais, escolas e todo tipo de infraestrutura que presta serviços à população. Um bloqueio às fronteiras do território também impede a entrada de alimentos e medicamentos, agravando a crise humanitária, que é denunciada como genocídio por países como o Brasil. Segundo Israel, o objetivo é resgatar os reféns que ainda estão com o Hamas e eliminar o grupo completamente.