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‘Dichotomie’ inaugura espaço da Fundação Paulo Coelho e Christina Oiticica, em Genebra

Exposição reúne obras de Christina Oiticica e TxaTxu Pataxó em torno de ancestralidade, natureza e conexão simbólica

Por CADERNO B
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Publicado em 29/04/2025 às 12:19

Alterado em 29/04/2025 às 12:22

Quadros foram enterrados em uma aldeia, sob uma gameleira, por um ano Foto: divulgação

No dia 27 de maio, a Fundação Paulo Coelho e Christina Oiticica, em Genebra, inaugura oL’Espace des Arts, seu novo espaço dedicado a exposições. A estreia fica por conta de“Dichotomie”, mostra que reúne obras de Christina Oiticica e TxaTxu Pataxó. Com curadoria de Marcelo Mendonça, a exposição propõe uma imersão artística e simbólica em torno da dualidade, ancestralidade e das conexões entre natureza e cultura. Fica em cartaz até 31 de outubro.

Por meio de pinturas, grafismos e fotografias, “Dichotomie” convida à contemplação de metades que não se opõem, mas que se completam em harmonia. São partes que dialogam e se fundem para formar um todo vivo, pulsante e sagrado.


Foto: divulgação


Foto: divulgação

Obras de Christina Oiticica e TxaTxu Pataxó: 'Contemplação de metades que não se opõem, mas que se completam em harmonia'

 

“Eu já tinha feito um trabalho com os Katukinas, na Amazônia, em 2004, com as mulheres interferindo nos meus quadros, que enterrei na aldeia. Fiquei com vontade de fazer novamente algo ligado ao Brasil. Fiz uma pesquisa e comecei a pintar círculos, que são símbolos femininos e pinturas tribais carregadas de significados de rituais. Depois integrei animais brasileiros, como a cobra, que adoro, e outros elementos da fauna. Quando pensei em expandir essa proposta, conversei com o Cau Bezerra e ele me apresentou o TxaTxu, um artista Pataxó. Enviei as telas para ele, que fez a interferência e enterrou as obras na sua aldeia, sob uma gameleira, por um ano. Quando TxaTxu desenterrou e me enviou de volta, eu fiquei maravilhada ao ver as raízes da árvore marcando as telas. O trabalho estava cheio de vida. O primeiro nome que dei à exposição foi "Raízes’, porque é isso que ficou: as raízes da terra, da cultura e da arte”, conta Christina Oiticica, que é uma referência em LandArt e já enterrou obras também no Japão, na Índia, no Rio de Janeiro e chegou a ter mais de cem trabalhos sob a terra no Caminho de Santiago de Compostela.

O processo de co-criação começou em Genebra em 2019, passou pela aldeia Porto do Boi, em Caraíva, sul da Bahia (de abril de 2021 a agosto de 2022) e foi concluído novamente na cidade suíça. O percurso foi registrado no curta “Raízes”, de Leonardo Barreto, exibido nos festivais de Trancoso, em 2023, Give Peace A Screen, na Itália, e Cine 73, na Bahia, em 2024.

A vernissage, em Genebra, será marcada pelo primeiro encontro presencial entre Christina e TxaTxu, que até então haviam se comunicado apenas por chamadas de vídeo.

“Sou TxaTxu Pataxó, da Aldeia Porto do Boi, localizada no território Indígena de Aldeia Barra Velha, o primeiro povo a ter contato com os portugueses. Sou um jovem aprendiz e desenvolvo a arte do grafismo Pataxó. Recebi o convite da Christina para compartilhar meu grafismo com a arte dela. Foi emocionante. O resultado foi surpreendente para nós dois. Vamos seguir com a parceria”, afirma o artista de 26 anos.

 

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