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Dia da mulher: 5 autoras conhecidas por ‘enegrecer’ o feminismo no Brasil
Por CADERNO B com Alma Preta Jornalismo
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Publicado em 08/03/2025 às 17:04
Alterado em 08/03/2025 às 17:04

Por Verônica Serpa - Neste sábado (8), comemora-se o Dia Internacional da Mulher, data que simboliza a luta histórica das mulheres por direitos, equidade e respeito. O dia também intensifica os debates sobre os múltiplos contextos em que vivem as mulheres brasileiras, sobretudo, as negras.
Com o debate do pensamento feminista em evidência, é importante ressaltar o trabalho de intelectuais que ajudaram a pavimentar e aprofundar a discussão do mulherismo negro no Brasil, a partir de uma perspectiva interseccional e racial aplicada nas diversas expressões do machismo na sociedade.
Para compreender os contextos de hierarquia social presente nas relações de gênero e raça, a Alma Preta selecionou cinco personalidades negras que contribuíram para “enegrescer” o movimento feminista no país.
1. Lélia Gonzalez
Consagrada como pioneira do feminismo negro no Brasil, Lélia Gonzalez revolucionou o debate de raça e gênero ao evidenciar o racismo no movimento feminista hegemônico. Filósofa, antropóloga e professora, ela cunhou conceitos que valorizam a identidade e a resistência das mulheres negras na diáspora africana.
Entre suas obras tidas como clássicas estão Lugar de Negro (1982), Festas Populares no Brasil (1987) e a coletânea póstuma de seus textos mais importantes “Por um Feminismo Afro-Latino-Americano (2018).
2. Carla Akotirene
A escritora e pesquisadora Carla Akotirene Foto: reprodução/Redes Sociais
Pesquisadora e referência contemporânea na abordagem do feminismo interseccional no Brasil, Carla Akotirene traz uma análise aprofundada sobre como raça, gênero e classe estruturam as opressões vividas por mulheres negras.
No livro “Interseccionalidade” (2019), a autora contribui para o fortalecimento do feminismo negro ao evidenciar como as políticas públicas e os movimentos sociais precisam considerar as especificidades das mulheres negras e periféricas para combater as desigualdades de forma eficaz.
3. Jurema Werneck
A diretora-executiva da Anistia Internacional no Brasil, Jurema Werneck Foto: Reprodução/Nós Mulheres da Periferia
Jurema Werneck é médica, comunicóloga ativista, atual diretora-executiva da Anistia Internacional no Brasil e uma das intelectuais mais importantes da luta pelos direitos das mulheres negras.
A autora se destaca por sua atuação na defesa da equidade racial e do acesso à saúde. Nas obras “Racismo, Saúde e Cidadania (1995) e “O Livro da Saúde das Mulheres Negras: Nossos Passos Vêm de Longe” (2006), Werneck denuncia as desigualdades raciais no sistema de saúde e a negligência do Estado diante da vulnerabilidade da população negra, destacando a urgência de um feminismo que considere uma experiência histórica das mulheres negras no país.
4. Sueli Carneiro
A pensadora Sueli Carneiro. Foto: Reprodução/Instagram
Fundadora do Geledés Instituto da Mulher Negra, Sueli Carneiro tem uma trajetória marcada pela luta contra o racismo e o sexismo nas políticas públicas e na sociedade, e é reconhecida como referência do feminismo negro.
No livro “Mulheres Negras e o Feminismo” (2003), a filósofa explora o conceito de epistemicídio e expõe como o pensamento negro é historicamente silenciado e marginalizado no Brasil. Sueli Carneiro segue como uma voz potente na construção de um feminismo antirracista, pautando a importância da autonomia intelectual e política das mulheres negras.
5. Maria Beatriz Nascimento
A poetisa Maria Beatriz do Nascimento, nscrita no livro de Heróis e Heroínas da Pátria desde 2023 Foto: Reprodução/Governo Federal
Historiadora, poetisa e cineasta, Maria Beatriz Nascimento foi fundamental para compreender a identidade negra como instrumento de autoafirmação racial, intelectual e existencial.
Em “Terra de Quilombos, Terras de Esperança” (1985), a intelectual explora o significado dos quilombos como espaços de resistência negra e o entendimento das potências femininas negras inseridas neste ambiente, e os relaciona com às favelas.
Sua participação no documentário “Ôrí” (1989), dirigido por Raquel Gerber, traz um olhar crítico sobre a diáspora africana e a trajetória da população negra no Brasil. Beatriz Nascimento deixou um importante legado ao conectar a luta quilombola com o feminismo negro, ressaltando o papel das mulheres na preservação da cultura e na resistência ao racismo estrutural.
A pesquisadora dá nome ao primeiro programa federal exclusivo para cientistas negras, indígenas, quilombolas e ciganas e está inscrita no livro de Heróis e Heroínas da Pátria desde 2023.