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Show pop-lisérgico do Gorillaz foi o ponto alto do MITA

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Por TOM LEÃO
nacovadoleao.blogspot.com.br

Publicado em 25/05/2022 às 18:04

Alterado em 25/05/2022 às 18:04

Damon Albarn (do Blur) acena para a plateia, no final da apresentação do Gorillaz, sábado, no MITA Foto: Igor Strougo

Apesar de não ter sido um show integral, em termos de produção audiovisual, a apresentação do Gorillaz, no fim da noite de sábado, na versão carioca do MITA, no Jockey Club (Gávea), foi um espetáculo completo para os fãs. Damon Albarn, cantor do Blur e mentor do projeto (junto com o artista gráfico Jamie Hewlett), e banda, mandaram muito bem, e incluíram quase todos os hits dos Gorillaz, além de músicas do mais recente trabalho deles, a websérie “Song Machine”.

Os horários do festival foram seguidos à risca e, por volta das 20h, começou a apresentação, cuja primeira parte duraria 90 empolgantes minutos, seguida por um encore de cerca de 20 minutos, totalizando quase duas horas de uma viagem dub-rap-psicodélica (até Timothy Leary, o papa do LSD, foi citado), regada a muitos clipes da banda nos telões e participações especiais de rappers. Com direito a featurings virtuais de luxe. Como a de Robert Smith, do Cure, que canta na nova música, ‘Strange timez’; e a de Elton John, que fez dueto ao piano com Damon, mais para o final da apresentação, que toca em ‘The Pink Phantom’.

O projeto Gorillaz, é uma banda composta pelos personagens animados 2-D (meio alter ego de Damon), Murdoc (baixo), Noodles (guitarra, teclados) e Russell (bateria), que seguem uma timeline, historinhas que vão sendo contadas em cada disco lançado (Murdoc, por exemplo, sumiu um tempo e foi substituído por Ace, do desenho ‘As meninas superpoderosas’). Ao vivo, Damon é acompanhado por uma competente banda colaborativa - cujos integrantes substituem os personagens que, antes, apareciam em silhuetas e hologramas -, e conta com participações especiais vocais de vários rappers diferentes. Como De La Soul (em ‘Superfast Jellyfish’), Booty Brown (em 'Dirty Harry' e 'Stylo', que tem Bruce Willis no clip) e Sweetie Irie, numa versão turbinada de ‘Clint Eastwood’; além de solo da cantora Michelle Ndegawa, que faz parte da banda. No repertório, só faltou mesmo 'DARE'.

Na parte técnica, no geral, o som deixou um pouco a desejar. Ele foi sendo equalizado enquanto a apresentação se desenrolava, melhorando um pouco na primeira meia hora. Já os vocais estavam bons. Mas os graves, embolados. As projeções foram paralisadas/congeladas em alguns momentos, e o sinal do vídeo simplesmente caiu algumas vezes. Mas não chegou a comprometer o todo.

No fim das contas, foi uma experiência empolgante (graças ao carisma de Damon e a qualidade das músicas da banda e dos integrantes), que deixou a plateia encantada. Havia mais fãs lá do que espectadores de ocasião, como costuma acontecer em grandes eventos de música. Tomara que o festival volte em 2023, e que mais shows assim aconteçam no Rio, que tem ficado de fora da maioria (Gorillaz já tinha vindo apenas a SP, há alguns anos, daí a alta expectativa dos cariocas por vê-los). Porque, a jugar pelo público, que lotou a apresentação, dá pé. Ficaremos na torcida por um bis do MITA, no ano que vem.

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