CADERNOB

Urso de Ouro vai para Romênia

Festival procurou manter o viés político que caracteriza sua programação

Por MYRNA SILVEIR BRANDÃO

Publicado em 05/03/2021 às 11:49

Alterado em 05/03/2021 às 11:52

A protagonista do filme vencedor, Katia Pascariu Foto: Silviu Ghetie / Micro Film

O Festival de Berlim divulgou nesta sexta feira (5) os premiados com os Ursos de Ouro e Prata de sua 71ª edição.

Foi uma apresentação curta e modesta, bem distante do brilho da Premiação da Berlinale em tempos sem pandemia.

Carlos Chatrian, diretor artístico do festival, começou comentando o final da etapa virtual do festival. Lembrou que pediu para os membros do júri irem a Berlim para assistir aos filmes em uma sala de cinema. E também realçou que essa não é propriamente a cerimônia de premiação, mas o anúncio prévio dos vencedores. Por último disse que estava animado para encontrar todos oficialmente em junho, quando haverá o evento presencial.

Os premiados foram anunciados pelos membros do júri por uma chamada de vídeo por zoom. Na segunda fase, de 9 a 20 de junho, além das exibições para o público, está prevista a entrega presencial dos prêmios.

O Urso de Ouro foi para “Bad Luck Banging or Loony Porn”, de Radu Jude – Romênia. Nada mais justo. É um ótimo filme que discorre sobre a hipocrisia e o preconceito da sociedade atual. Na conferência de imprensa com Jude – da qual o JORNAL DO BRASIL participou – ele havia dito que sempre procura traços de ideologias e historias que ainda permanecem e se reformulam em seus País.

O Grande Prêmio do Júri foi conquistado por “Wheel of Fortune and Fantasy” , de Ryusuke Hamaguchi – Japão. O melhor diretor foi Dénes Nagy com Natural Light – Hungria.

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Em cena os atores Paul Dunca, Paula Dunker, Nicoleta Lefter, Nicodim Ungureanu, Ana Ciontea e Petra Nesva?ilová (Foto: Foto: Silviu Ghetie / Micro Film )

Os premiados

Mostra Competitiva oficial

Urso de Ouro para melhor filme – Bad Luck Banging or Loony Porn, de Radu Jude – Romênia

Grande Prêmio do Júri – Wheel of Fortune and Fantasy, de Ryusuke Hamaguchi – Japão
Prêmio do Júri, Urso de Prata – Mr. Bachmann and His Class, de Maria Speth – Alemanha

Melhor diretor (Urso de Prata) – Dénes Nagy com Natural Light – Hungria

Melhor atriz (Urso de Prata) – Maren Eggert em I’m your Man – Alemanha

Melhor atriz coadjuvante (Urso de Prata) – Lilla Kizlinger em Forest: I See you Everywhere – Hungria

Melhor roteiro – Hong Sangsoo por Introduction – Coréia do Sul

Urso de Prata por contribuição artística – Edição de Yibrán Asuad em Una Película de Policias – México


Mostra Encounters

Melhor filme – We, de Alice Diop – França

Prêmio especial do júri – Taste, de Lê Bao – Vietnã, Tailândia

Melhor diretor – Social Hygiene, de Denis Côté – Canadá

 

Generation

Kplus - Summer Blur, de Han Shuai (China)

14 Plus – “The Fam”, de Fred Baillif (Suiça

 

Curta-Metragem

Urso de Ouro – My Uncle Tudor, de Olga Lucovnicova (Bélgica)

Grande Prêmio do Júri (Prata) “Day is Done”, de Zhang Dalei (China)

 

Plateia fez falta

O Festival procurou manter o viés político que caracteriza sua programação, privilegiando filmes que retratam o mundo atual com temas sobre diversidade, denúncias e inspirados em fatos reais.

Mas ficou impossível não notar que o público berlinense e o que se desloca de outros países para ir ao festival fizeram falta. Assim como o viés político do evento, a plateia que comparece à Berlinale não fica atrás. Lota os cinemas, aplaude, às vezes vaia, mas jamais fica indiferente.

De qualquer forma, o importante é que ele aconteceu. Como afirmou a diretora executiva Mariette Rissembeek, “O cancelamento nunca foi uma opção”.

Por sinal, a necessária ausência do público nesta edição não tira o mérito dos organizadores no esforço de colocar a Berlinale no ar. Apesar das limitações, mais uma vez deram um show para mostrar o poder criativo do cinema com filmes fora do convencional e trazendo novas experiências de linguagem e narrativa – marcas que lhe garantem o título de um dos festivais cinematográficos mais importantes do mundo.

O Brasil ficou fora da mostra oficial, mas teve uma boa presença em paralelas. Integrou a Panorama, com “A Última Floresta”, de Luiz Bolognesi; a Fórum Expanded, com “Se Hace Camino al Andar”, de Paula Gaitán; a principal, da Fórum, na coprodução de “Esquí”, do argentino Manque La Banca; e foi um dos seis escolhidos da Berlinale Series, com “Os Últimos Dias de Gilda”, de Gustavo Pizzi.