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Comédia ‘Como um palhaço’ estreia nessa quinta no Sesc Copacabana

Trata-se da nova obra dos artistas Helena Bittencourt e Goos Meeuwsen, casal ‘100% clown

Por REVISTA PROGRAMA
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Publicado em 10/09/2025 às 17:06

Alterado em 10/09/2025 às 17:06

Ambos comemorando 30 anos de carreira, Goos Meeuwsen e Helena Bittencourt criam uma conferência para analisar a figura do palhaço Foto: divulgação

Casal “100% clown”, Helena Bittencourt e Goos Meeuwsen viajam em média 15 vezes por ano, e cada um completa atualmente três décadas de serviços prestados ao circo. Atriz e acrobata carioca, Helena conheceu Goos, holandês de Armhem, em Taiwan, onde ambos trabalhavam numa montagem do Cirque du Soleil. Nas muitas voltas que o mundo deu desde 2013, jogaram-se na cartografia do amor e do humor, sempre trabalhando, como comprova a estreia nesta quinta-feira, às 20h, de “Como um palhaço – Like a clown” no teatro de arena do Sesc Copacabana. A montagem é inédita, realizada através do Edital de Cultura Sesc RJ Pulsar.

“O espetáculo descontrói a imagem mítica e ficcional do palhaço, pesquisando os múltiplos significados que a profissão adquiriu ao longo do tempo. Em paralelo, cria continuamente alegorias, cenários lúdicos e situações ficcionais”, destaca Helena, formada pela UniRio e Escola Nacional de Circo. Quase dez anos se passaram desde que a dupla fez uma temporada no Rio. Em 2017, lotaram todas as sessões do Teatro Carlos Gomes com o consagrado “Bianco su Bianco”, criado para eles pelo diretor Daniele Finzi Pasca, da Cia Finzi Pasca, da Suíça. Mais de 100 apresentações depois, cerca de 10 países diferentes (Finlândia, Suíça, França, Itália, Espanha, Rússia, Uruguai, Chile, Equador, Brasil, Canadá, Romênia, Dinamarca e México), a turnê continua.

“Em novembro, vamos apresentá-lo na Itália e Suíça”, conta a atriz. A agenda da dupla está repleta de trabalho. Com a Cia Cirque Bouffon, Helena e Goos desenvolvem nova criação em dezembro na cidade de Colônia, na Alemanha. Também para a Bouffon, dirigiram o espetáculo “Carroussel”, que continua em turnês em cidades da França e Alemanha. Recentemente, Goos e Helena Bittencourt apresentaram e criaram os curtas-metragens “Show”, com uma menção honrosa no London Worldwide Comedy Short Film Festival, o prêmio de melhor filme no Playing the Fool Film Fest (Canadá), “Kit-Chen”, que levou o prêmio de melhor curta de comédia no Istanbul Film Festival, e “Tales of Lovely Locked Losing Heroes”, vencedor do prêmio de melhor curta criativo no European Film Festival e melhor roteiro no Sidney Multicultural Film Fest.

“Como um palhaço” reflete sobre a figura do astro-rei do circo desde tempos imemoriais. Helena e Goos interpretam dois intelectuais que, diante de um púlpito repleto de surpresas, fazem palestra para abordar amor e ódio ao palhaço. Dentre os fatos verídico, a peça lembra que a “coulrofobia” é coisa séria. “Mais de 2 bilhões de pessoas têm medo de palhaços no planeta. Proporcionalmente, no mundo tem mais gente com mais medo de palhaço do que de viajar de avião e barata”, cita a atriz. Desde quando esse trauma existe, sabe-se lá. O palhaço atravessa as civilizações. A figura do personagem é encontrada nas tradições indígenas milenares, entre os bufões egípcios, artistas romanos e da Commedia dell'arte, palhaços de circo, até os comediantes modernos — enfim, todos carregam o espírito da palhaçaria. Algo permanece ao longo dos tempos: estão sempre repletos de emoções humanas cruas, e sempre absolutamente ridículos.


O poético "Bianco su Bianco", apresentado no Teatro Carlos Gomes em 2017, continua em turnê: em novembro, será apresentado na Itália e na Suíça Foto: divulgação

Na montagem, o público vai encontrar momentos confessionais. “Nós nos chamamos de palhaços com orgulho. Ou quase com orgulho. No controle de fronteira, por exemplo, ‘ator’ parece uma resposta mais segura quando a polícia alfandegária indaga a profissão. Na barbearia, novamente: ‘sou ator’, e não ‘sou palhaço’. Certa vez, enquanto brincávamos em um bar, um transeunte riu e presumiu que éramos comediantes profissionais. Quando lhe disseram que éramos palhaços, ele zombou: ‘Não os insultem!’. Enquanto isso, políticos no mundo todo são rotulados como palhaços”, analisa Goos.

Mas Helena garante: “Este espetáculo não é sobre lamentar a perda do lugar do palhaço na sociedade. Não é um apelo por reconhecimento ou uma reflexão trágica sobre uma imagem ultrapassada. Não: este espetáculo é sobre riso. É sobre transformação. É sobre de onde viemos, como a sociedade evolui e como algumas emoções permanecem universais. É sobre abraçar a alegria da falta de vergonha. Algo que todos nós secretamente desejamos”, finaliza.

A dois no palco, Helena e Goos estão cercados por artistas que, como eles, investem na pesquisa de linguagem cênica. A trilha sonora é de Rodrigo Marçal, videografismo do Estúdio Radiográfico, que também responde por conteúdo e arte gráfica. O cenário une o próprio Goos e a cenógrafa Marieta Spada. A iluminação é de Tainã Miranda e Lina Kaplan. A direção de produção é de Luana Lessa.

Serviço:

Como um Palhaço - Like a Clown - De Helena Bittencourt e Goos Meeuwsen
Sesc Copacabana – Rua Domingos Ferreira, 160. Copacabana.
Estreia dia 11 de setembro, às 20h | Duração: 80 minutos
Dias e horários: Quinta a sábado, às 20h; Domingo, às 18h.
Ingressos: Quinta a sábado às 20h e domingo as 18h | GRÁTIS (PCG), R$ 10 (habilitado Sesc), R$ 15 (meia-entrada), R$ 30| Arena
Classificação etária: 14 anos. Encerramento: 5 de outubro
Lotação: 175 lugares

 

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