POLÍCIA

Ramagem pode levar segredos de estado para as mãos de Donald Trump

...

Por JB POLÍCIA, com Revista Fórum
[email protected]

Publicado em 26/11/2025 às 17:16

Alterado em 26/11/2025 às 17:16

Segundo a PF, Ramagem atuou no Brasil produzindo desinformação Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Por Yuri Ferreira - O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) fugiu do Brasil para evitar sua prisão após ser condenado por participar da tentativa de golpe de Estado. O destino são os EUA de Donald Trump, que hoje abrigam Eduardo Bolsonaro (PL-SP), acusado de traição à Pátria e atentado à soberania nacional.

Entre as investigações que circundam o ex-diretor da Abin, o escândalo do software FirstMile foi o que ganhou mais destaque: enquanto foi chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Ramagem utilizou o aparato da instituição para coletar informações de adversários políticos, incluindo jornalistas e professores universitários.

Em janeiro de 2024, a Polícia Federal (PF) cumpriu a operação Vigilância Aproximada, que fez buscas e apreensões no gabinete e em outros dois endereços ligados a Ramagem. Segundo a PF, foram apreendidos ao menos seis celulares, quatro notebooks, 20 pen drives e outros documentos. Um celular e um notebook pertenciam formalmente à Abin, mas não haviam sido devolvidos pelo ex-chefe da Agência.

O relatório da Polícia Federal sobre a investigação da Abin Paralela destaca que uma operação foi feita para formatar em massa os computadores no curso das investigações, inclusive sobre a aniquilação de registros de impressões, com o “intento de ausência de rastreabilidade”; a potencial retirada de logs de impressão “da mesma sorte indica o intento de garantir a irrastreabilidade de ações”.

Segundo a instituição, Ramagem desviou “recursos públicos da Agência Brasileira de Inteligência – incluindo recursos tecnológicos (como os sistemas ‘FirstMile’/‘Cintepol’) e financeiros (custos operacionais das diligências) – em proveito alheio, para atender a interesses político-partidários e produzir dossiês contra opositores e autoridades, finalidade diversa da prevista em lei ou regulamento para o emprego de tais recursos”.

Anuência dos EUA
Agora, após sair do Brasil ilegalmente e entrar nos EUA, Ramagem afirma que está no país com anuência das autoridades estadunidenses.

“Eu estou seguro aqui com a anuência e o conhecimento do governo americano. Essa perseguição contra mim, grave, a gente vai acabando por ter ciência, consciência disso, desvendando os porquês ao longo do tempo”, afirmou ao podcast Timeline.

Ramagem é oficialmente foragido. Nesta terça-feira (25), o ministro do Supremo Tribunal Federal determinou o cumprimento de sua pena após condenação por golpe de Estado.

Como diretor da Abin, Ramagem teve acesso a dados sensíveis da segurança e defesa nacional, trabalhando com instituições militares e, como se sabe, coletando dados sensíveis de cidadãos brasileiros com fins de perseguição política. As investigações revelam que o deputado ainda utilizou recursos da Abin para benefícios eleitorais.

Agora nos EUA, Ramagem terá a oportunidade de trabalhar com informações sensíveis de cidadãos e do Estado brasileiro, seguindo uma rota conhecida da chamada porta giratória.

Em entrevista ao jornalista Otávio Guedes, da Globonews, uma fonte da Abin afirmou que “como diretor da Abin, [Ramagem] teve acesso liberado a todas as investigações e informações. Quem vai negar uma informação para o DG, ainda mais alguém que não entende os protocolos de compartimento das informações, já que veio de outra instituição, a Polícia Federal”, disse.

“Quem garante que não levou também informações ou cópias de documentos sensíveis?”, afirmou um militar ao jornalista da Globo.

O caso Moro
Após sair do cargo de ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro, o ex-juiz e atual senador Sergio Moro (UB-PR) foi contratado como sócio-diretor da Alvarez & Marsal, consultoria americana que atuava na recuperação judicial de empresas atingidas pela Lava Jato, como Odebrecht e outras, julgadas por ele mesmo durante a Operação.

O presidenciável Sergio Moro (Podemos) recebeu um total de US$ 656 mil, o equivalente a R$ 3,537 milhões, nos 12 meses em que atuou na consultoria estadunidense.

 

 

Deixe seu comentário