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Habilidades e vontade: o que tem mais valor no mundo corporativo?
Por CRISTIANA AGUIAR
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Publicado em 21/11/2025 às 09:53
Habilidades e vontade. Qual dessas, na sua opinião, teria mais valor no mundo corporativo?
Respondendo de forma simples: as duas.
Existem pessoas muito hábeis e com muita vontade de realizar.
Elas têm verdadeira sede de produzir, transformar, inovar e deixar um legado.
São pessoas que, por vezes, podem até precisar de um "freio", mas nunca de um empurrão.
Como dizia um antigo chefe meu: é melhor frear do que ter que empurrar.
Esse tipo de colaborador, quando encontrado no mercado, precisa ser reconhecido, valorizado e, principalmente, ouvido.
São genuinamente valiosos e costumam ser autênticos.
Pena que não correspondem a 100% da equipe. Em algumas empresas, não chegam a 15%.
Há o grupo dos habilidosos, mas que não têm vontade.
Podem ter perdido a motivação ao longo do caminho. Os motivos são diversos, pontuais ou crônicos.
O uso de medicamentos para estresse, ansiedade e burnout disparou em 2025, na comparação com 2024. A constatação é da pesquisa Inteligência Emocional e Saúde Mental no Ambiente de Trabalho, realizada pela The School of Life, escola com foco em inteligência emocional, em parceria com a consultoria de recrutamento Robert Half.
No Brasil, uma pesquisa com mais de 700 pessoas confirmou que 52% das lideranças usam medicação para saúde mental e 59% dos liderados também fazem uso desse tipo de medicamento.
Somos o 1º no ranking mundial em ansiedade, e o principal fator que leva a essa condição é o endividamento.
São muitas as causas para essa realidade, variando desde a Selic de 15%, que torna a dívida mais cara, até a quantidade de horas que os brasileiros passam nas redes sociais.
Afinal de contas, olhar a cada minuto viagens, festas, compras, pode induzir o indivíduo a não celebrar as próprias conquistas e, ainda, a se endividar para querer fazer tudo ao mesmo tempo.
Por sinal, tempo é um assunto que daria outro artigo. Desaprendemos a esperar...
Voltando para as habilidades e vontade, temos também o grupo dos que têm vontade, mas não têm habilidade.
Entre a habilidade técnica e a comportamental, ambas têm seu lugar e valor.
As técnicas podem ser mais facilmente desenvolvidas. A era tecnológica nos trouxe uma democratização do conhecimento e uma facilidade maior de acesso às trocas.
Já as competências comportamentais são mais complexas: envolvem conscientização e força de vontade.
É preciso uma análise atenciosa a respeito dos prós e contras de uma contratação em que há falta de habilidades, mas a vontade costuma superar essa questão e o indivíduo pode vir a adquirir e aprimorar habilidades de forma surpreendente.
Quanto aos que não têm habilidade nem vontade, vale um bate-papo para entender o caso e, possivelmente, ocorrerá o desligamento se não houver
mudança. É importante dar à pessoa a chance de se encontrar consigo mesma e profissionalmente.
O mundo corporativo tem suas complexidades, mudanças muito repentinas e tendências que, às vezes, não se cumprem. Exige aprendizado constante. Contudo, a beleza do aprendizado está no encontro.
Apesar dos diferentes anseios e demandas, é essencial que líderes, acionistas, colaboradores e clientes se encontrem para que haja o sucesso da organização.
Como costumo dizer: tudo começa com um relacionamento. As empresas que se comunicam melhor saem na frente.
Treinar a liderança para que haja uma comunicação mais assertiva faz toda diferença. Não é uma boa estratégia conversar com pessoas diferentes usando a mesma linguagem.
Logo, tanto habilidades quanto vontade, são transformadas pela integração entre as pessoas. Esse é o verdadeiro sucesso!
Cristiana Aguiar. CEO da Jeito Certo Consultoria
Economista, especialista em Gestão de negócios e Gestão de pessoas.