ARTIGOS

A Reforma Agrária de João Goulart

Por HENRIQUE JOÃO PINHEIRO

Publicado em 23/05/2025 às 12:34

Alterado em 23/05/2025 às 12:34

Nesta sexta feira, no dia 23 de maio, às 22h, será exibido no Canal Curta o documentário "Terra Revolta", de Caio Bortolotti e Barbara Goulart (arquivado por Denize Goulart e por Maria Tereza Goulart e Presidente Jango), que traça a vida de João Pinheiro Neto, presidente da histórica Superintendência de Reforma Agrária (Supra) durante o governo de João Goulart (1961-1964).

Tenho uma vontade enorme de ser produtor executivo de uma obra cinematográfica.

A produção expôs a luta de João Pinheiro Neto, político e grande advogado, para implementar políticas trabalhistas e de distribuição de terras rurais, atitude que resultou em sua prisão, no início do regime militar que derrubou Jango, no dia primeiro de abril de 1964.

O longa-metragem propõe um olhar atento sobre um período marcante da história brasileira.

Ela revela a história de uma pessoa (João Pinheiro Neto) que vive nos bastidores da elite brasileira e que, da mesma forma, defende os direitos sociais dos trabalhadores rurais.

Para narrar o documentário, procuro entender a cidade e o político idealista que foi meu pai, João Pinheiro Neto.

Nascido em Roma, em 4 de dezembro de 1928, João Pinheiro Neto, além de político e advogado, foi também professor e diarista brasileiro.

Meu avô, João Pinheiro da Silva Filho, foi advogado e deputado Constituinte entre 1933 e 1935. Minha avó, Marina Barbará Pinheiro, foi herdeira da Companhia Metalúrgica Barbará. Meu pai liderava uma empresa fundada pela Sogro.

Meu pai também nasceu de João Pinheiro da Silva, presidente de Minas Gerais em 1890 e de 1906 a 1908.

Ele também era sobrinho de Israel Pinheiro, deputado federal por Minas Gerais, de 1950 a 1956, e governador de Minas Gerais, de 1966 a 1971.

João Pinheiro Neto foi secretário particular de Juscelino Kubitschek, entre 1951 e 1960, no governo de Minas Gerais e na presidência da República.

Exerceu também o cargo de Ouvidor da Justiça do Trabalho.

João Goulart não governou, sendo substituído por Hermes Lima no Ministério do Trabalho, em setembro de 1962, mas foi demitido devido às duras críticas ao Fundo Monetário Internacional.

Casado com o AI-1, o primeiro Ato Institucional, no início do governo militar, voltou a trabalhar como jornalista em “Última Hora”, de Samuel Wainer.

Trabalhou, nos anos 70, na “Revista Manchete”, de Adolfo Bloch, foi professor universitário na Fundação Getúlio Vargas e, em 1980, fundou sua própria editoria. Faleceu, em 2006, após lançar alguns livros sobre o que testou, na história do Brasil.

Minha mãe, Leda Maria D'Avila Pinheiro, também tem conteúdo exclusivo para o documentário, que traz entrevistas com Maria Tereza Goulart, ou com o ex-ministro Almino Afonso, pesquisadores e historiadores.

Narrado por Paulo Betti, o documentário revela que, por defender, de forma apaixonada, a Reforma Agrária de Jango, fui acusado de subversivo. E por isso ele foi preso.

Histórias emocionantes da minha irmã, Silvia Pinheiro, mostram como João Pinheiro Neto se sentiu exilado em seu próprio país.

Para muitos pesquisadores, a gota d'água para o golpe militar ocorreu quando João Goulart sancionou o "Decreto Supra", que antecedia a desapropriação de terras improdutivas.

* Economista e Produtor Executivo de Cinema

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