Próprio viver

'É preciso

distinguir'

                         Lessing

Crítico social da época, diz Thomas Mann (recebeu o Nobel de Literatura em 1929): "O homem é um eterno mistério para si mesmo".

Apenas na condição de viver hoje a nossa humanidade sem reticências ou ressalvas, podemos compreender ao que nos compromete o mistério da fé.

Deus fez-se um de nós, propósito inacreditável que valoriza infinitamente toda a singeleza da nossa efêmera passagem por este mundo.

Faz-se pressentir através de mediações das coisas, dos acontecimentos, dos homens e das mulheres; não vem através de único elemento imprescindível.

Põe diante de nós a cruz de Cristo em toda sua desolação; porém, faz a afirmação estarrecedora de que a morte não tem a última palavra.

Longe de nos afastar da história, a experiência não confirma o que ocorre em nossas vidas, questiona nossas pressuposições socialmente induzidas.

Hoje confrontados com os poderosos mecanismos que controlam a nossa realidade social, muitos são tentados a se entregar à impotência.

Numa sociedade que vive a toda pressa, muitas vezes é a situação exterior difícil que dá à pessoa a oportunidade de crescer interiormente, para valer.

O Espírito apanha-nos onde estamos; concede-nos que transformemos nossa humanidade no modo de ser alimentado pelo acolhimento.

Somos capazes de ver e experimentar harmonias em singularidades do cotidiano; ainda que parciais e provisórias, elas são essenciais ao próprio viver.

Engenheiro, é especialista em gestão de pequenos empreendimentos