INFORME JB
Mulheres de bicicleta são atacadas na ciclovia do túnel do Joá, no Rio
Por GILBERTO MENEZES CÔRTES
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Publicado em 01/10/2025 às 09:39
Alterado em 01/10/2025 às 11:00
Elevado do Joá liga o Leblon à Barra, passando por São Conrado e o túnel do Joá Foto: reprodução
Socorro! - pede amiga do Informe que clama pelo reforço no policiamento e a instalação de câmeras de vigilância na ciclovia que liga São Conrado à Barra da Tijuca. O ponto crítico é a travessia da ciclovia no túnel do Joá. Além de acionar a Guarda Municipal, a Prefeitura, que está instalando câmeras de vigilância nas principais ruas de Copacabana, Ipanema e Leblon, deveria estender o serviço na ciclovia até a Barra.
Em duas semanas, cinco mulheres foram atacadas e agredidas violentamente. Os bandidos agem em dupla ou em trio, surpreendendo as vítimas na saída do túnel, para roubar as bicicletas, celulares, dinheiro, documentos e joias, aproveitando que o fluxo de carros da Barra para a Zona Sul praticamente impede o socorro no momento do ataque.
Maria Bonita reage como cangaceira
Nessa segunda, 29 de setembro, foi a vez da terapeuta corporal Maria Bonita Peixoto de Mattos. Ela fazia seu trajeto habitual entre São Conrado, onde mora há mais de dez anos, e a Barra. Quando ela atravessou o primeiro túnel, que dá acesso, em São Conrado, ao longo trecho do elevado do Joá, em cuja margem foi construída a ciclovia, foi atacada por uma dupla de bike que saiu do mato (piloto e carona, já pronto para levar a bike). Eram pouco mais de 12h30, relata.
A dupla supôs que ia ter vida fácil com uma mulher franzina. Mas o espírito da mulher de Virgulino Ferreira, o Lampião, falou mais alto. Reagiu. Foi derrubada e agredida violentamente. Levaram o celular – um velho modelo Apple -, a pochete, e quase lhe arrancam a orelha para tirar um brinco de bijuteria. A corrente soltou da bike e eles preferiram fugir em direção à Barra.
Desesperada, Maria Bonita saltou a grade que separa a ciclovia da pista dos carros e pediu ajuda. Os carros diminuíram a velocidade, mas nenhum motorista parou para prestar socorro. Então, ela voltou à ciclovia, arrumou a bicicleta e voltou a São Conrado.
Queixa na 11ª DP na Rocinha
Ao relatar sua queixa na 11ª Delegacia Policial de São Conrado/Rocinha, que registrou o fato como tendo ocorrido às 12h40, o escrivão Dalber Paullici Araújo de Oliveira informou que já era "o quinto Boletim de Ocorrência em duas semanas" com a mesma queixa. Depois de lavrado o BO, diante dos ferimentos no cotovelo, perna e punho, Maria Bonita foi aconselhada a fazer exame de corpo de delito no IML, o que fez na tarde dessa terça (30).
Suspeitos não seriam da Rocinha
Na 11ª DP, Maria Bonita soube que os chefes do tráfico na Rocinha estão indignados com os ataques covardes, que atribuem a bandidos da comunidade da Muzema, depois do Itanhangá, ou da Cidade de Deus.

O cotovelo machucado da vítima Maria Bonita: assalto no túnel do Joá ainda rende ameaças dos meliantes via telefone celular Foto: divulgação
Depois do roubo, as ameaças
Um outro caso, também de uma mulher, moradora há mais de 30 anos em São Conrado, que virou adepta do ciclismo há cinco anos, repete o mesmo enredo. Ela foi atacada quando estava na ciclovia em companhia de uma amiga.
“Dia 17 de setembro, voltando da nossa pedalada, por volta das 13 horas, saindo do primeiro túnel do Joá, sentido São Conrado, fui jogada no chão por dois indivíduos. Estava com sapatilhas clipadas na bike. Não sei como consegui desclipar da bike ... Aí começou o horror. Eles pegaram o celular e quase rasgaram minhas orelhas para levar os brincos. No impulso da dor, chutei um deles com a sapatilha, para não ter as orelhas rasgadas. Me deixaram caída no chão e levaram o celular e a bike. Seguindo o protocolo, bloqueei o celular e fui fazer o BO. Depois, entrei em contato com o suporte da Apple, atendimento espetacular. Passei o número do imei e, junto, uma mensagem de que o celular tinha sido roubado.”
Mas o bloqueio do celular gerou um estranho efeito colateral.
Ladrões fazem chantagem...
Continua a moradora roubada:
“Logo comecei a receber mensagens dizendo que o meu celular tinha sido encontrado e, para eu saber dos detalhes, deveria clicar em um link do iCloud, obviamente não cliquei. Liguei novamente para Apple e fui orientada a não clicar em nenhum link. Eram os ladrões querendo meus dados."
Ela comprou outro celular e manteve o número do anterior.
...e ameaçam
E prossegue:
“Para minha surpresa, hoje acordei com mensagens tenebrosas, ameaça de vida. Eles estavam com todos os meus dados... exigindo que eu retirasse a busca que a Apple registrou. Ou seja, só mesmo redobrando a segurança na ciclovia será possível passear livremente na primavera e no verão, que convidam às pedaladas."