INFORME JB

Por Jornal do Brasil

[email protected]

INFORME JB

Trump abraça Lula e dá adeus a Bolsonaro

Por GILBERTO MENEZES CÔRTES
[email protected]

Publicado em 23/09/2025 às 15:55

Alterado em 23/09/2025 às 15:55

Eduardo Bolsonaro Divulgação

Foi inesperado e sintomático. Uma virada de chave. Os ventos que sopravam em Washington contra o Brasil, pelas artimanhas do clã Bolsonaro, com reforço das traições de Paulo Figueiredo, neto do último ditador brasileiro, o general João Figueiredo, que até a véspera produziram novas sanções contra representantes do Judiciário brasileiro, mudaram radicalmente hoje em Nova Iorque.

Depois de um discurso muito afirmativo do presidente Lula na ONU, seguido pela fala do presidente dos Estados Unidos, Lula e Trump se encontraram e se cumprimentaram no corredor de acesso à tribuna da Assembleia Geral.

A descrição do rápido encontro de menos de 25 segundos foi feita pelo próprio presidente americano no púlpito, onde discursou por quase uma hora:

"Eu estava entrando, e o líder do Brasil estava saindo. Eu o vi, ele me viu e nos abraçamos. Combinamos de nos encontrar na semana que vem. Não tivemos muito tempo para conversar, uns 20 segundos. Tivemos uma boa conversa e combinamos de nos encontrar na semana que vem. Mas ele parecia um homem muito legal. Na verdade, ele gostou de mim, eu gostei dele... Tivemos uma química excelente", disse Donald Trump.

O clã Bolsonaro viu cair por terra todo um esforço de sete meses de manobras de traição à pátria. Na verdade, a casa caiu para o clã Bolsonaro neste histórico 23 de setembro de 2025.

Motta veta liderança de Eduardo no PL

Pela manhã, o Diário Oficial da Câmara dos Deputados já trouxera o primeiro dissabor para o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), com a decisão do indeferimento, pelo presidente Hugo Motta (Republicanos-PB), da manobra regimental do PL de indicar Eduardo como líder do PL na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, após a renúncia da presidenta Carol de Toni (PL-SC).

O veto abre caminho para a perda do mandato do deputado por excesso de faltas. Parecer da Secretaria-Geral destacou ainda que Eduardo não comunicou formalmente sua saída do Brasil (em fevereiro), como determina o artigo 228 do regimento, e que atribuições básicas de líder - como orientar votações, encaminhar requerimentos e participar do Colégio de Líderes - exigem presença em plenário. “Todas essas atividades indubitavelmente demandam a presença física do parlamentar”.

Cenário do encontro Lula-Trump é incerto
Por enquanto, só está valendo o desejo de Donald Trump de se encontrar com Lula na próxima semana. Não se sabe se por vídeoconferência ou presencial, em Washington, na Casa Branca. Mas a ordem unida de Trump pode abrir as portas para abertura de negociações sobre o tarifaço e de outras pressões americanas contra o Brasil.

Isso não é pouco.

A influência da dupla Eduardo Bolsonaro-Paulo Figueiredo estava sendo forte no Departamento de Estado, comandado por Marco Rubio. E até as portas do Departamento do Tesouro, de Scott Bensent, também se fecharam às gestões do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Dólar reage em queda ante real

O efeito imediato das “boas-vindas” de Trump a Lula mudou radicalmente a biruta, e o efeito imediato foi a forte queda do dólar. Depois de abrir cotado a R$ 5,3350, contra R$ 5,3353, e atingir a máxima de R$ 5,3441 tão logo Trump falou em diálogo com Lula, o dólar despencou no Brasil e o Ibovespa subiu 1,12%, antecipando uma futura redução de tarifas.

Às 13h30 (horário de Brasília), o dólar era negociado a R$ 5,2870, uma baixa de 0,91%. Trata-se da menor cotação desde abril de 2024.

Um dos sintomas do bom humor dos mercados quanto ao abrandamento das tarifas foi a baixa de 4,72% nas cotações do contrato futuro de café negociado na Bolsa de Mercadorias de Nova Iorque.

Anistia e blindagem subiram no telhado

Mas a maior mudança de ventos, anteriores à fala de Trump, veio do impacto produzido pelo clamor das ruas contra a anistia aos golpistas e à blindagem de deputados e senadores apanhados em falcatruas.

A PEC da Anistia, travestida nas mais variadas versões para a PEC da Impunidade/bandidagem ou da dosimetria, perdeu força quando as vozes mais sensatas da Câmara e do Senado perceberam a reação da opinião pública.

Deixe seu comentário