INFORME JB

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INFORME JB

Ecos do Museu de Vassouras (e a dimensão do tempo para dois 'tycons' do mercado financeiro)

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Por GILBERTO MENEZES CÔRTES
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Publicado em 03/09/2025 às 12:26

Alterado em 03/09/2025 às 20:17

Visitantes convidados puderam conhecer o Museu de Vassouras nesse sábado; abertura para o grande público será em novembro Foto: GMC

Os jovens com menos de 40 anos que hoje operam instantaneamente o dinheiro via Pix, pelo celular e demais transferências eletrônicas, e não conheceram a hiperinflação anterior ao Plano Real (julho de 1994), nem a febre dos ganhos financeiros no “overnight”, com juros de 80% ao mês, talvez não tenham noção do que era operar no “open market” nas décadas de 70 a 90.

Seus paradigmas nos dias atuais são André Esteves, o principal acionista do BTG-Pactual e o 5º brasileiro mais rico na lista da revista “Forbes” em 2025, ou Guilherme Benchimol, criador da XP Investimentos. Mas a entrega, no último sábado, das obras de restauração da Santa Casa de Misericórdia, transformada no moderníssimo Museu Vassouras, investimento privado do ex-banqueiro Ronaldo Cesar Coelho (Multiplic), marcou uma divisão do tempo.

Quem não viveu os primórdios do mercado financeiro não tem ideia do que era a troca de custódia de papéis por cheques. Não havia registro escritural de títulos do Tesouro (o que só ocorreu em meados de 1978) e muito menos a troca da titularidade dos papéis, uma operação de centenas de milhões a bilhões em troca de reservas bancárias.

Isso só veio ocorrer em 1979, quando passou a operar o Sistema Especial de Liquidação e Custódia, cujas iniciais Selic deram origem à taxa básica de juros que regula a troca de reservas por títulos do Tesouro. Menos de dois anos depois, foi a vez da Cetip fazer o registro escritural e a troca de fundos nas operações com títulos privados de renda fixa.

Se hoje banqueiros e milionários cruzam os céus do Brasil em helicópteros de última geração ou modernos jatinhos que atravessam os oceanos, operadores como Ronaldo Cezar Coelho e Antônio José Carneiro, o “Bode”, donos do Multiplic, usavam jatinhos para ganhar dinheiro quando o Rio era o centro financeiro do país (deixou de ser em 1994/95).

Explica-se:

Os bancos tinham depósitos no Banco do Brasil. Isso dava aos cheques do BB uma remuneração diária que os demais cheques de bancos não ofereceriam. Empresas com grande movimentação diária de dinheiro, como distribuidoras de petróleo e supermercados, tinham conta no BB para ter um ganho extra.

Coelho e Bode aproveitavam dois feriados de janeiro (20, de São Sebastião, no Rio, e 25, da fundação de São Paulo) para ganhar um dia de compensação de cheques das duas praças. Antes de São Sebastião, captavam aplicações em cheques dos clientes, e voavam de avião para compensar em São Paulo; na véspera do feriado paulista, faziam o papel inverso. Em dois anos, os ganhos asseguravam um novo jatinho.

Afastado das mesas de operações desde a venda do Multiplic para o Lloyd”s Bank, em 1996 (embora continue sendo um grande acionista da Light, da Vibra e da Energisa), para Ronaldo Cezar Coelho (78) o tempo ganhou uma nova dimensão. É mais importante para apreciar a arte e o lazer na belíssima fazenda São Fernando, em Vassouras, ou viajar (de jatinho) pelo mundo.

Já para André Esteves, 21 anos mais moço, em cujo corpo ainda pulsa a adrenalina que move os operadores dos mercados globais, o tempo se traduz em dinheiro (mas sem as tacadas espertas dos tempos de Coelho e Bode), o mundo gira em alavancadas operações estruturadas acompanhadas por algoritmos ou Inteligência Artificial.


Ronaldo Cezar Coelho indica a André Esteves a nova dimensão do tempo Foto: Jornal do Brasil


Um encontro na Light
Curiosamente, os dois “tycons” são hoje o primeiro e o terceiro maiores acionistas da Light, em recuperação judicial. O BTG-Pactual, de Esteves, que tinha créditos problemáticos contra Daniel Vorcaro do Banco Master (em operação de compra pelo BRB ainda não aprovada), recebeu, em maio, ações da Light em garantia dos fundos WNT, que tinha parceria com Nelson Tanure.

Ronaldo, através do fundo Samambaia, tem hoje 20,01%, Tanure, via fundo WNT, controla 18,94%, e o BTG tinha 14,81%. Outro poderoso investidor, mais antigo, é Carlos Alberto Sicupira, sócio da 3G Capital com Jorge Paulo Leman e Marcel Hermann Telles.

Todos aguardam a renovação da concessão (prevista até dezembro), a partir de quando as participações serão diluídas pela conversão de créditos em ações, como acertado na RJudicial. Em sequência, virá a subscrição do aumento de capital de R$ 1,5 bilhão. Ao fim, haverá nova composição.

Curioso: com a presença do trio com posição somada de 53,76% das ações em Vassouras, e ainda do presidente do Conselho de Administração da Light, o ex-ministro Hélio Costa, quase era possível fazer uma assembleia da empresa.

Ecos do Museu de Vassouras ...


Ronaldo Cezar Coelho e Beatriz Milhazes, que terá obras expostas no Museu de Vassouras a partir de novembro Foto: Jornal do Brasil



Ronaldo e a Dra. Thamara, advogada, filha da falecida Ieda, líder do movimento negro local que será lembrado pelo Museu de Vassouras Foto: Jornal do Brasil



Arnaldo Cezar Coelho, o filho André e o neto Caetê Foto: Jornal do Brasil



Beth, primeira mulher de Ronaldo, e Afonso Pinto Guimarães, prestigiam a inauguração do Museu de Vassouras. Foto: Jornal do Brasil



Dra. Gilka Lemos, do Instituto do Cérebro, o jornalista Renato Lemos, curador do Museu, com a jornalista Ana Flor e o anfitrião Ronaldo Cezar Coelho Foto: Jornal do Brasil


O jornalista Armando Strozenberg, um dos curadores do museu, e a diretora, Daniela Pinheiro Foto: Jornal do Brasil


O vassourense presidente do STF, Luís Roberto Barroso, e a namorada, Rita Nolasco, conversam com o conterrâneo príncipe Francisco de Orleans e Bragança Foto: Jornal do Brasil



O prefeito do Rio, Eduardo Paes, discursou Foto: Jornal do Brasil


...e do almoço na São Fernando


Foto: Jornal do Brasil


Foto: Jornal do Brasil


Foto: Jornal do Brasil


Foto: Jornal do Brasil

A organização do espaço para os convidados foi de Antônio Neves da Rocha


Principe D. Joãozinho de Orleans e Bragança com a artista plástica Beatriz Milhazes Foto: Jornal do Brasil



Com a presença do presidente do STF

Omar Peres, presidente do JORNAL DO BRASIL, e sua mulher, Lenise Figueiredo, ofereceram na sexta-feira, no hotel Mara, em Vassouras, um jantar em homenagem a Ronaldo Cezar Coelho.

Presentes o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luís Roberto Barroso, nascido em Vassouras, com a namorada, Rita Nolasco.

O Conselheiro do Tribunal de Contas do Município do Rio, Nestor Rocha, que preside o Instituto Vale do Café, e os príncipes Francisco e João de Orleans e Bragança.

Também marcaram presença, Sebastião Lacerda, filho do ex-governador Carlos Lacerda (a família é toda de Vassouras), o presidente do Conselho de Administração da Light, Hélio Costa, e o empresário Hélio Ferraz.

Espalhadas pelo salão principal, as mesas foram atendidas pelos garçons do Bar Lagoa, Israel Flausino, primeiro garçom negro da casa, e pelo conhecido Francisco Paiva, levados a Vassouras por Omar Catito Peres.

De Lisboa para Vassouras

O jantar, elogiado por todos, esteve a cargo do chef Adriano Souza, que veio de Lisboa para assinar o menu.

O advogado Alexandre Serpa Pinto, aluno de doutorado do Barroso na UERJ, conversa com o presidente do Supremo.


Lenise acompanha saudação do marido, Omar Peres, a Ronaldo Cezar Coelho Foto: Jornal do Brasil


O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, com a namorada, Rita Foto: Jornal do Brasil


Omar Peres conversa com Hélio Costa e Alexandre Serpa Foto: Jornal do Brasil


Ronaldo Cezar Coelho ladeado pelo irmão, Arnaldo, e a jornalista Ana Flor Foto: Jornal do Brasil


Hélio Costa e Ana Catarina Foto: Jornal do Brasil


Ronaldo Cezar Coelho agradece a Omar Peres Foto: Jornal do Brasil

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