INFORME JB
O que dirão as novas pesquisas?
Por GILBERTO MENEZES CÔRTES
Publicado em 19/02/2025 às 14:55

A acachapante denúncia do Procurador Geral da República, Paulo Gonet, ao Supremo Tribunal Federal contra o ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro, e mais 33 indiciados de tramarem diversas etapas da escalada do golpe militar para se perpetuar no poder, abolindo o Estado Democrático de Direito, com a última cartada do quebra-quebra e tomada das sedes dos Três Poderes da República, em 8 de janeiro de 2023, numa escalada iniciada em junho de 2021 contra o STF e as urnas eletrônicas, deixou os arraiais bolsonaristas de pernas por ar, apesar do próprio Bolsonaro ter dito ontem que tem “zero de preocupação com a prisão”.
Mas está claro que foi o desespero com a denúncia da PGR que fez os bolsonaristas tentarem aproveitar o inferno astral do governo Lula - com a inflação que ainda será maior este mês e dará trabalho até a Páscoa - para incrementar a tosca campanha pela anistia (uma tentativa de salvo conduto prévio a Bolsonaro), e surfar na onda das pesquisas eleitorais que punham o governo Lula em desaprovação.
Depois que a população tomar conhecimento mais detalhado das acusações que pesam contra Bolsonaro e seus asseclas na tentativa de golpe contra o Estado Democrático de Direito – que incluiu um atentado abortado em cima da hora, em dezembro de 2022, depois da derrota eleitoral, contra o ministro-relator dos inquéritos das “fake News”, Alexandre de Moraes, que era presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o presidente eleito, Luís Inácio Lula da Silva, e o vice-presidente eleito, Geraldo Alkmin; ato contínuo, seria decretado Estado de Sítio ou Estado de Defesa, e Bolsonaro seria mantido no poder como ditador, sem disfarces, certamente a maré vai mudar.
E com o fim do sigilo das delações premiadas do ex-ajudante-de ordens da Presidência da República, tenente coronel Mauro Cid, vai valer a pena fazer novas pesquisas.
Inclusive sobre qual deve ser o destino de Jair Messias Bolsonaro e dos principais inspiradores da fracassada trama golpista. As penas podem passar de 30 anos.
Tentativa já é golpe
Na longa introdução explicativa das 276 páginas do libelo da PGR, o procurador Paulo Gonet fez bem em esclarecer a clara distinção entre cogitação e atos de preparação (que não são puníveis) e atos de execução que, no caso dos crimes de golpe de Estado e tentativa de abolição do Estado de Direito, implicam plena configuração do delito tão-logo sejam praticados.
Um golpe tentado, mas fracassado ou abortado, é, do ponto de vista jurídico, um golpe consumado, permitindo a plena punição de seus perpetradores, por mais incompetentes que sejam.
A fantasia do golpe
A tentativa escapista de Bolsonaro, do general Walter Braga Neto (o coordenador geral enquanto Bolsonaro curtia uma erisipela no retiro do Palácio da Alvorada, onde não deixou jamais de manejar pessoas e ações) e demais denunciados, de dizer que é uma “denúncia vazia”, como classificou o filho 01, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), ou “fantasiosa”, como alegou a defesa de Braga Neto, tem o mesmo DNA de quem jura ser inocente e é desmentido pelo detector de mentiras.
Imagina se, no Carnaval, o general se fantasia de “Golpe do Punhal Verde-Amarelo” e arrasta um grande cordão na Paulista ou em uma cidade do Sul. Balneário Camboriú (SC), por exemplo? O hit poderia ser “Nóis vai descer pra B.C.” ...
E o dólar, hein?
Se a cotação do dólar serve como termômetro político, é bom saber que os que apostaram em reação negativa do mercado financeiro às denúncias do PGR se deram mal.
O mercado abriu nesta quarta-feira com o dólar cotado a R$ 5,6924, subiu à máxima de R$ 5,7292, mas as cotações não se sustentaram. Às 13h23, o dólar era negociado a R$ 5,7055, com pequena alta de 0,30%.
Na Argentina, o inferno de Milei
Resumo pelo site “Âmbito Financiero” do inferno astral de Javier Milei, na Argentina, depois que a cripto-moeda $ LIBRA derreteu após ter sido incensada pelo presidente do país na última sexta-feira:
Ações argentinas caem e risco-país ultrapassa 700 pontos.
O S&P Merval caiu 0,8%, para 2.372.524,36 pontos-base.
Dívida soberana em moeda estrangeira está caindo em todos os níveis.
O “Âmbito” diz que após o mercado analisar o impacto das repercussões do lançamento do $ LIBRA e sua ligação com o presidente Javier Milei, ficou conhecida nesta terça-feira uma entrevista “chapa-branca” realizada por Jonatan Viale, as ações argentinas abriram em baixa, assim como os títulos em dólar.
Mas o que está em queda livre mesmo é o poder de compra da população. Lá a alta dos alimentos é muito pior do que aqui.