INFORME JB

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INFORME JB

O gato subiu no telhado

Por GILBERTO MENEZES CÔRTES
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Publicado em 20/11/2023 às 09:48

Alterado em 20/11/2023 às 09:49

A defensoria de Consumidor do Ministério Público do Rio de Janeiro determinou sábado, que a Light, concessionária de energia elétrica da capital e parte da Baixada Fluminense, restabelecesse em 48 horas (que já estão vencendo) a normalidade no abastecimento na comunidade da Rocinha.

Diferente de São Paulo, onde a concessionária Enel deixou vários bairros e comunidades da capital paulista e cidades do ABCD sem luz por vários dias, devido ao rompimento da fiação aérea atingida por queda de árvores no vendaval, o corte da luz, por até oito dias na Rocinha, foi culpa do calor.

O gato miou

Na Rocinha, que, segundo o Censo 2022 do IBGE, perdeu o título de maior favela (ou comunidade) do país para a Sol Nascente, a 30 km da Praça dos Três Poderes, em Brasília, não houve queda de árvores. A culpa foi do excesso de ligações simultâneas de ar-condicionado e ventiladores para mitigar o calor.

Tanto a rede de cabos elétricos como os transformadores foram projetados para atender, com certa folga. os pouco mais de 18 mil clientes que a Light tem na comunidade. Entretanto, o que se observa à noite – mesmo nos períodos de racionamento – é uma iluminação feérica, até o amanhecer.

Não precisa ser Sherlock para deduzir que as ligações clandestinas dos “gatos” são a principal fonte de consumo de energia na comunidade, que, ainda segundo o censo, tinha 30.955 domicílios, fora os estabelecimentos comerciais. Vale dizer que o consumo irregular de energia é o dobro do que registra a Light. O “furto” do faturamento de energia da Light dá gordos lucros a pessoas que cobram indiretamente pelas ligações, assim como o “gatonet”.

Entretanto, como a rede está programada para uma carga de 60% da recomendada pelo consumo dos clientes listados na região, quando a massa oculta de consumidores demandou a carga máxima, com aumento mínimo para 150% da capacidade, os transformadores pifaram. E donas de casa e comerciantes tiveram perdas de alimentos e enormes contratempos.

Duas frentes

A Light está se desdobrando para cumprir a ordem judicial. Mas, assim como a Enel levou quase uma semana para restabelecer as ligações aéreas (e as chuvas deste fim de semana causaram novas quedas de rede), restaurar as “gambiarras” nas vielas das diversas regiões da Rocinha também não é fácil.

Para evitar que os problemas voltem, tão logo os termômetros dispararem (e o verão nem começou), a Light está fazendo um mutirão para cadastrar os clientes que pagam contas de energia aos “gestores de gatos”. A ideia é de que sejam enquadrados nas tarifas sociais (que permitem grandes descontos nas contas mensais). O Núcleo de Defesa do Consumidor pode ajudar na causa.

Quem põe o guizo no gato?

O problema é que isso implicará a multiplicação de relógios medidores de consumo e o controle mais de perto dos gastos de cada unidade. A situação mais comum, na Rocinha e outras comunidades, é a construção de novas lajes e residências, com o consumo vinculado a um só relógio.

Quem se acostumou a deixar as luzes acesas e a dormir de ar-condicionado (a falta de ambiente arejado nas casas geminadas pede isso), vai aceitar de bom grado reduzir o consumo?

Clientes da Enel também sofrem

Por sinal, as chuvas pesadas, com ventos fortes, que caíram no fim de semana na região serrana também causaram cortes de energia dos clientes da Enel nos municípios do interior.

Em São José do Vale do Rio Preto moradores atearam fogo em pneus interrompendo a Estrada Silveira da Mota (RJ-134) na localidade de Morelli.

Cristo azul, pela Receita

Após projetar imagens do primeiro e fatídico show de Taylor Swift, na sexta-feira, depois que os fãs da cantora americana cumprirem a meta de fixada pela Arquidiocese do Rio de Janeiro, de doação de alimentos não perecíveis para pessoas em situação de rua, o Cristo volta a ter iluminação especial amanhã.

A partir das 19 horas, o Cristo Redentor será iluminado, por uma hora com luzes da cor azul claro, enquanto uma cerimônia especial, aos pés do monumento vai celebrar os 55 anos de criação da Receita Federal do Brasil, em 20 de novembro de 1968. São três anos de celebração seguida do Leão.

Biscoito globalizado

Um amigo da coluna esteve esta semana no supermercado Mundial da Barra e teve a atenção despertada por uma lata de biscoitos amanteigados importados. Com saudade dos biscoitos dinamarqueses que saboreava no fim dos anos 80, foi atraído pelo nome “Preferita”, ao lado das cores da bandeira italiana.

Em casa, depois de oferecer à mulher os biscoitos que, diga-se, ficavam a dever aos dinamarqueses, curioso, o amigo foi verificar a procedência. Demorou a descobrir, por que as instruções já vinham em português, por instrução do Mundial, distribuidor da guloseima no Brasil.

Mas a surpresa veio da origem da produção: Índia. Trata-se de um biscoito típico dos tempos da globalização. Como lhe expliquei, a Índia, onde a vaca é sagrada (e não se consome carne bovina), dispõe de uma das maiores produções de leite do mundo. E leite vira manteiga. Misturado ao açúcar (a cana de açúcar foi trazida da Índia pelos portugueses), está pronto o biscoito amanteigado, “made in Índia”.

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