IMPRENSA
ABI alerta em carta que "sem jornalismo não há democracia"
Por JORNAL DO BRASIL
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Publicado em 14/04/2025 às 13:26
Alterado em 14/04/2025 às 13:27

A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) publicou uma carta do resultado da 3ª Semana Nacional de Jornalismo, evento promovido pela entidade de 7 a 11 de abril, em Curitiba, Fortaleza, Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro.
Além de agradecer o apoio de universidades e entidades representativas da sociedade civil, o documento reforça compromissos com a democracia, os direitos humanos, a liberdade de imprensa e de expressão.
Os principais debates do encontro, citados na carta, dizem respeito à defesa da obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão, a regulamentação das big techs, o combate às fake news, o papel do jornalismo na batalha de ideias e a importância do jornalismo comunitário.
Segundo a ABI, esses temas podem ser resumidos na ideia de que "sem jornalismo não há democracia".
"O jornalismo é, ele próprio, um direito. Quando ele se ausenta, a democracia deixa de existir".
Desertos de notícias
A ABI destacou as regiões com pouca ou nenhuma cobertura jornalística, chamadas de desertos de notícias. A situação torna esses territórios ambientes propícios à desinformação e à disseminação de notícias falsas. Investimento na produção de conteúdos informativos locais seria uma saída para garantir o direito à comunicação, defende a entidade.
A entidade também abordou a necessidade de regulação e responsabilização das big techs, o que chamou de "tarefa civilizatória". O entendimento é de que não há razoabilidade para faturamento com discurso de ódio e conteúdos criminosos.
A ABI alerta para o que chamou de transformação dos meios de comunicação em verdadeiros "partidos políticos", alinhados com os setores mais conservadores da sociedade.
A leitura é de que o enfraquecimento de grandes empresas tradicionais refletiu no quase desaparecimento das reportagens. O espaço, então, teria sido ocupado nas redes sociais pela extrema direita.
A ABI fala em uma perspectiva sombria da comunicação no Brasil "dominada pela mídia comercial e ameaçada pelas plataformas digitais, as big techs e os influencers, que impedem a divulgação da verdade".
A saída, segundo a entidade, é o fortalecimento da comunicação e dos comunicadores comunitários, populares e independentes. A defesa é que eles têm noção da responsabilidade política e social da comunicação, que permitem uma aproximação vida real do povo.
Leia a íntegra do documento:
"Fiel ao histórico compromisso da centenária Associação Brasileira de Imprensa com a luta em defesa da democracia, da liberdade de imprensa e de expressão e dos direitos humanos, a 3ª Semana Nacional de Jornalismo ABI, realizada pela Comissão de Educação, de 7 a 11 de abril, em Curitiba, Fortaleza, Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, sob a coordenação de Vitor Iório e com apoio de universidades e entidades representativas da sociedade civil, fez um mergulho sobre Os Rumos da Comunicação, identificando os problemas e ameaças atuais ao jornalismo, à comunicação, à liberdade de imprensa e de expressão e à democracia, e apontou os caminhos para superar esses obstáculos.
Os debates sobre a defesa da obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão, os desertos de notícias, a regulamentação das bigtechs e o combate às fake news, o papel do jornalismo na batalha de ideias e a importância do jornalismo comunitário podem ser sintetizados numa frase: “Sem jornalismo não há democracia. O jornalismo é, ele próprio, um direito. Quando ele se ausenta, a democracia deixa de existir”.
Esse é o nosso maior compromisso.
A 3ª Semana Nacional de Jornalismo reafirmou a disposição de continuar lutando pela valorização do jornalismo, de seu papel social e de sua formação profissional, como atividade essencial ao interesse público e à democracia no Brasil. E pela defesa da aprovação urgente da Proposta de Emenda à Constituição 206/2012, a PEC do Diploma.
Defender a exigência do diploma é reconhecer o papel dos jornalistas na construção de uma sociedade mais justa, plural, democrática e comprometida com os direitos humanos e que o jornalismo deve ser praticado com seriedade, rigor, responsabilidade, ética, compromisso com a verdade e respeito pela diversidade de pontos de vista.
As regiões com pouca ou nenhuma cobertura jornalística – os chamados desertos de notícias, e a importância da produção de conteúdo informativo local como ferramenta para a garantia do direito à comunicação são outros desafios a serem enfrentados. Esses territórios se tornam ambientes propícios à desinformação e à disseminação de notícias falsas, com impactos diretos na vida das pessoas. O deserto de notícias é um campo fértil para a indústria criminosa das fake news.
A 3ª Semana Nacional de Jornalismo reforçou o nosso compromisso com a luta pela regulamentação das bigtechs e o combate às fake news. O controle social dos meios de comunicação é um exercício de cidadania.
Apesar da importância das redes sociais e das plataformas digitais para a difusão de cultura e conhecimento, seus efeitos colaterais danosos devem ser combatidos e corrigidos.
A 3ª Semana Nacional de Jornalismo reforçou que é preciso exigir responsabilidade das plataformas digitais, ainda mais com a monetização e o impulsionamento. Não é razoável que alguém fature com o discurso de ódio e com conteúdos que possam causar danos e crimes e nada aconteça. O que era uma oportunidade de democratizar a comunicação e dar voz às pessoas acabou se tornando uma armadilha. Nossa vida passou a ser vivida dentro dos espaços que são controlados pelas bigtechs.
Não podemos permitir a veiculação de conteúdo ilegal. É preciso criar obrigações e salvaguardas para reduzir os danos provocados pelas plataformas digitais e as bigtechs, que devem ser responsabilizadas pelos conteúdos que divulgam. A regulação das bigtechs e plataformas digitais é uma tarefa democrática. Sem ela, nós teremos incompleta a democracia no Brasil. É uma tarefa civilizatória.
A 3ª Semana Nacional de Jornalismo alertou que a transformação dos meios de comunicação em verdadeiros “partidos políticos”, alinhados com os setores mais conservadores da sociedade, é mais um desafio que deve ser enfrentado. O enfraquecimento das grandes empresas tradicionais enfatiza a necessidade da existência de um jornalismo comunitário, popular e independente. O declínio dessas empresas refletiu no quase desaparecimento das reportagens e esse espaço foi ocupado nas redes sociais pela “extrema direita”. Ou a gente se aproxima da vida real do povo, ou a gente já perdeu a batalha de ideias.
A Casa política do jornalista brasileiro identificou na 3ª Nacional de Jornalismo uma perspectiva sombria da comunicação no Brasil, dominada pela mídia comercial e ameaçada pelas plataformas digitais, as bigtechs e os influencers, que impedem a divulgação da verdade, apontou saídas e caminhos para a superação desses obstáculos e vislumbrou um porvir: o fortalecimento da comunicação e dos comunicadores comunitários e populares.
A 3ª Semana Nacional de Jornalismo apontou que se existe uma saída hoje para a comunicação no Brasil, ela passa pelos comunicadores populares, um dos movimentos mais importantes do Brasil atual. Os comunicadores populares se identificam com a informação que estão passando e têm a noção exata da sua responsabilidade política e social.
Em defesa do jornalismo, Democracia Sempre!
Rio de Janeiro, 11 de abril de 2025
3ª SEMANA NACIONAL DE JORNALISMO ABI"