GASTRONOMIA
Desfile para beber
Por IESA RODRIGUES
Publicado em 06/11/2025 às 19:13
Alterado em 06/11/2025 às 19:13
Alguns produtos da La Grande Bellezza, com figuras femininas nos rótulos: o Inaiá, Madame Rara, Laranja Mademoiselle Lili e o Rosé Grenache Foto: divulgação
Atualmente a moda vai além de roupas e acessórios. Desde que grandes empresas como bancos, fábricas de automóveis e cartões de crédito descobriram o poder de convencimento da moda, é um tal de patrocinar grifes e convocar modelos famosas para as campanhas publicitárias.
A gastronomia é um destes setores nada a ver com alfinetes e tecidos, que se destaca nestas estratégias. Já temos semanas de restaurantes em promoção, dias de degustação de bebidas.
Mas a novidade foi aliar um lançamento de vinhos com uma plateia de maioria de profissionais de moda.
De Pinto Bandeira a Belém
Começando pelo local do "desfile", o Zazá Bistrô, endereço favorito de designers e gente antenada, liderado pela Zazá Piereck, em plena Ipanema. Com menu cheio de referências amazônicas como tucupi, açaí e urucum, o almoço lançou os produtos da vinícola La Grande Bellezza. Um nome estranho para o setor de vinhos? Justifica-se pela segunda paixão do vigneron Rossano Biazus, o cinema, principalmente a obra do diretor italiano Paolo Sorrentino. O filme La Grande Bellezza virou o nome da vinícola em Pinto Bandeira, serra gaúcha a 700m de altitude, com dias quentes e noites frias - tudo o que as uvas gostam. Aliás, para quem estranha o nome, basta lembrar que existe champanhe Viúva Clicquot, vinho Concha e Touro (nomes traduzidos) e todos acham ótimo.

A mesa no Zazá Bistrô, passarela para a coleção de vinhos da La Grande Bellezza Foto: Iesa Rodrigues

Cristiana Petriz, sócia da vinícola, explicou detalhes da produção Foto: Ines Rozario
O destaque da "coleção” é o Inaiá, um varietal criado para se harmonizar com os pratos servidos pelo chef Saulo Jennings às delegações na COP30, em Belém do Pará. Cristiana Petriz, casada com Rossano e sócia na empresa, explicou:

Rótulo do Inaiá, vinho em homenagem à COP30 e à Amazônia Foto: reprodução
_Todos os nossos rótulos contam com a figura de uma mulher. No Inaiá, é uma indígena, criada em AI pela Lu Mourelle, artista plástica carioca radicada em Cascais. Bem que a AI tentou impor tipos como comanches e apaches, mas a Lu chegou a uma beleza brasileira. O Inaiá tem cor de palha, com aromas de frutas tropicais, cítricas e notas de pêssego. Um teor alcoólico de 10,9% faz com que seja leve, unindo a força simbólica das palmeiras amazônicas e a delicadeza do Chenin.
Dos quatro hectares de parreirais próprios, plantados em 2017 com primeira colheita em 2020, saem também os espumantes Blanc de Blanc Brut, que já seguiram na bagagem do Xavier Thuizat, sommelier do Hotel Crillon, em Paris.
Um dos melhores vinhos servidos no lançamento foi o Laranja Mademoiselle Lili, que tem cascas de molho por mais de 50 dias e lembra um xerez, pela permanência em barris de carvalho. Este é mais um rótulo com nome feminino -, outro exemplo, o Cabernet Franc Madame Rara, com a figura de uma bela negra.
Nos rótulos, as "modelos", nos produtos, referências que também inspiram roupas e acessórios. No lançamento, uma lembrança dos tempos da Alta Costura, quando cada vestido numerado merecia uma descrição ao vivo. Enfim, os vinhos da Grande Bellezza, que se intitula uma vinícola-boutique, estão na moda.